5 de abr. de 2010

(continuação) Capítulo 1 - Nikki

Meu pai ficou por aí o bastante para me dar uma irmã que, como meu pai, eu não me lembro. Minha mãe sempre me disse que minha irmã tinha ido









fig. 2 Mãe do Nikki, Deana




















Fig. 3


morar em outro lugar quando era menor e eu não era permitido de vê-la. Não era depois de trinta anos que eu iria descobrir a verdade. Para minha mãe gravidez e crianças foram sinais dizendo para ela ir mais devagar – conselhos que ela considerava por um curto tempo até ela começar namorar Richard Pryor.

Na maior parte da minha infância, a idéia de uma irmã e um pai estava além da minha compreensão. Eu nunca pensei em mim vindo de um lar cheio de problemas, porque eu não tive nenhuma lembrança de lar sem ser eu e minha mãe. Nós vivíamos no nono andar do St. James Club – então conhecido como Sunset Towers – na Sunset Boulevard. E eu quando eu entrei no estilo de vida dela, ela me mandou morar com meus avós, que estavam constantemente em mudança, vivendo em um milharal em Pocatello, Idaho, ou em um parque de pedras no sul da Califórnia, ou em uma fazenda de porcos em New Mexico. Meus avós constantemente se colocavam em risco por pegar uma custódia legal de mim se minha mãe não parasse de festejar. Mas ela não me abandonou completamente nem me abrandou. A situação ficou pior quando ela entrou para a banda do Frank Sinatra como cantora substituta e começou a namorar o baixista, Vinny. Eu os assistia ensaiando toda hora, com estrelas da época como Mitzi Gaynor, Count Basie e Nelson Riddle e por aí vai.

Quando eu tinha quatro anos, ela se casou com Vinny e nós nos mudamos para Lake Tahoe, que estava se tornando uma pequena Las Vegas. Eu me levantei as seis da manhã em uma pequena casa marrom que nós vivíamos, pronto pra brincar, mas eu acabei sozinho, jogando pedras na lagoa lá fora até eles saírem da cama por volta das duas da tarde. Eu sabia que não podia tentar acordar Vinny, porque ele me colocaria pra fora. Ele tinha sempre um péssimo humor, e com uma pequena provocação ele descontaria isso em mim. Uma tarde, ele estava tomando banho quando ele notou que eu estava escovando meus dentes do lado pro lado ao invés de para cima e para baixo como ele tinha me ensinado. Ele se levantou, pelado, peludo, coberto de água como um macaco pego em uma chuva de granizo, e deu um soco do lado da minha cabeça, me jogando no chão. Então minha mãe, como sempre, ficou furiosa e o atacou enquanto eu corri para a lagoa para me esconder.

Nesse Natal, eu recebi dois presentes: meu pai parou em casa quando eu tava lá fora brincando e, como um gesto fraco para absolver sua culpa ou um esforço genuíno para ser um pai com os pequenos meios disponíveis para ele, me deixou um trenó de plástico vermelho com os puxadores de couro. E minha meia irmã, Ceci, nasceu.

Nos mudamos para o México quando eu tinha seis anos, porque minha mãe e o Vinny tinham conseguido dinheiro suficiente para tirar uma licença de um ano ou porque eles estavam fugindo de algo (mais parecido com alguém com um uniforme azul). Eles nunca me disseram o por que. Tudo que eu lembro era que minha mãe e Ceci voaram para lá, e isso significa que eu tive que atravessar a fronteira com o Vinny e a Belle. Belle era sua pastora alemã que, como Vinny, constantemente me atacava sem ter motivos. Minhas pernas, braços, e meu tronco ficaram cobertos com marcas de mordidas por anos. Desde esse dia, eu ainda não conseguia entender a porra dos pastores alemães. (Isso faz algum sentido que o Vince acabou de comprar um pra ele).

México era provavelmente a melhor época da minha infância: eu corria por aí pelado com as crianças mexicanas na praia próxima a nossa casa de campo, brincava com as cabras e galinhas perambulando pelo bairro como se fosse deles, comia cebiche, entrávamos na cidade procurando por espigas de milho quentinhas enrolados no papel alumínio, e, quando fiz sete anos, fumei maconha pela primeira vez com a minha mãe.

Quando México se tornou passado para eles, retornamos para Idaho, onde meus avós compraram para mim minha primeira vitrola, um brinquedo de plástico cinza que só tocava singles. Tinha uma agulha na tampa, sempre que estava fechado, a música tocava e quando estava aberto, a música parava. Eu costumava ouvir Alvin and the Chipmunks toda hora, do qual minha mãe nunca me deixou esquecer.

Um ano depois, nos amontoamos em um trailer U-Haul e fomos para El Paso, Texas. Meu avô dormia em um saco de dormir do lado de trás, minha avó cochilava em um banco, e eu enrolado no chão como um cachorro. Nos meus oito anos, eu já estava cansado de viajar.

Depois de muito passeio, gastando a maioria do meu tempo com eu mesmo de companhia, amizade se tornou como televisão para mim: algo que me distraia de vez em quando do fato que eu era sozinho. Sempre que eu estava no meio de crianças da minha idade, eu me sentia incomodado e fora do lugar. Na escola, tive dificuldade. Era difícil se preocupar ou prestar atenção enquanto eu sabia que o ano estava acabando, e eu iria embora e nunca mais veria qualquer um desses professores ou crianças de novo.

Em El Paso, meu avô trabalhava em um posto de gasolina da Shell, minha avó ficava no trailer, eu ia para a escola primária local, onde as crianças eram cruéis. Elas me empurravam, e saiam correndo como uma garota. Todo dia como eu andava sozinho para a escola, eu tinha que cruzar o pátio da escola e me bombardeavam com bolas de futebol e comida. Para facilitar minha humilhação, meu avô cortou meu cabelo, do qual minha mãe sempre deixou crescer, no estilo Flattop – não era o mais popular mais tarde nos anos sessenta. Eventualmente, eu comecei a gostar de El Paso porque eu comecei a passar meu tempo com Victor, um mexicano hiperativo que morava do outro lado da rua. Nos tornamos melhores amigos e fazíamos tudo junto, permitindo-me a ignorar as notas das outras crianças que odiavam a minha coragem porque eu era um lixo pobre e branco da Califórnia. Mas quando eu comecei a ficar tranqüilo, o inevitável aconteceu: nós nos mudamos de novo. Eu estava destruído, porque dessa vez eu tinha que deixar alguém para trás, Victor.

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