13 de abr. de 2010

Capítulo 3 - Nikki

Capítulo 3

Nikki


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As aventuras adicionais do jovem Nikki.

Sua batalha com um adversário armado, uma picada dolorida, e outras coisas que entretêm o bastante.

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Meu tio Don me levantou.

Ele me deixou dirigir sua pickup Ford F10 azul com pneus radicais; ele me arrumou um trabalho em uma loja de discos, Music Plus, onde o gerente socava cocaína em nossos narizes, ele me levava para comprar boca-de-sinos e Capezios no shopping; ele comprou pôsteres da Sweet pra mim pra enfeitar meu quarto. E lá tinha um ataque de música por todos os lados – X, the Dils, the Germs, the Controllers. L.A. Era o que eu estava procurando, e eu estava saindo de mim.

Seria só questão de meses até de eu explodir tudo e ser um sem-lar e desempregado de novo.

No meu tio, eu me sentia como um punk que acabou de cair no meio da reprise de Leave it to Beave. Sua família levava uma vida distinta em uma perfeita casinha com uma perfeita piscininha. As crianças andavam de bicicleta lá fora até a mãe os chamarem para o jantar ao anoitecer. Eles tiravam seus sapatos e esfregavam seus pés em um pano e lavavam suas mãos e diziam graça e colocavam seus guardanapos no colo. Alguns de nós vemos a vida como uma guerra e outros como um jogo. Essa família não era nenhum dos dois: eles preferiam sentar ao lado dela e assistir-la passar com distância.

Para mim, era uma guerra: eu tinha angústia gotejando dos meus poros. Eu vestia calças vermelhas grudadas que amarravam na frente, Capezios, e maquiagem. Até mesmo quando eu tentava me encaixar, eu não poderia. Um dia meu primo Ricky estava chutando uma bola pelo quintal com alguns amigos, e eu tentei me enturmar. Eu não pude fazer isso: eu não me lembrava como chutava ou jogava ou me posicionava ou qualquer coisa. Eu continuei tentando os convencer de fazerem algo legal, como procurar alguma bebida alcoólica, correr por aí, roubar um banco, qualquer coisa. Eu queria falar com alguém sobre o porquê Brian Connolly da Sweet tinha estrondos que enrrolavam, e eu não. Eles apenas olhavam para mim como se eu fosse de outro planeta.

Então, Ricky perguntou, “Você está usando maquiagem?”

“Sim,” Eu disse para ele.

“Homens não usam maquiagem,” ele disse firmemente, como se isso fosse uma lei, com seus amigos atrás dele como um júri.

“De onde eu vim, eles usavam,” Eu disse, virando meus saltos altos e correndo.

No shopping, eu via garotas com seus cortes de cabelo Farrah Fawcett comprando na Contempo, e tudo que eu podia pensar era, “Cadê a minha Nancy?” Eu era Sid Vicious procurando por Nancy Spungen.

Eventualmente, eu apenas ignorei meus primos completamente. Eu sentava no meu quarto e tocava baixo através de um amplificador velho que era metade do tamanho da parede e feito para um rádio ao invés de instrumentos. Quando eu decidi ir para a mesa para uma refeição, eu não pude pedir desculpas ou dizer graça. Eu perguntei para Don coisas como, “Me fale sobre Sweet, cara! Esses caras usam muita droga?” Então eu ia para os clubes e ia para casa me sentindo como eles. Se eles tentassem impor uma única regra da casa em mim, eu ia mandá-los se foder. Eu era arrogante, um merdinha ingrato. Então eles me chutaram de lá, e eu fui embora com raiva. Eu era um louco para eles como eu era para minha mãe, e outra vez eu me encontrei sozinho e culpando todo mundo por eu mesmo.

Eu encontrei um apartamento de um quarto perto da Melrose Avenue e trapaceei a dona para me deixar alugar sem um depósito. Eu não paguei pra ela um centavo por dezoito meses, embora eu tivesse conseguido segurar meu emprego na Music Plus por um tempo. A loja era um paraíso – cocaína, baseados, e garotas gostosas chegando a toda hora. Eu tinha uma placa do lado da registradora: “Baixista procurando por uma banda.” Pessoas perguntavam, “Quem é o baixista?” quando eu dizia que era eu, eles aceitavam isso. Eles me diziam sobre audições e me convidavam para shows.

Um desses caras era um cantor de rock e cabeleireiro (sempre uma combinação ruim) chamado Ron, e precisava de um lugar para morar. Eu o deixei morar comigo. Ele tinha um bando de namoradas, e logo tínhamos um pequeno lar. Eu encontrei uma garota de Valley chamada Alli na Music Plus, e nós cheirávamos tranqüilizador de elefante chamado Canebenol, bebíamos cerveja, e saíamos para um clube de rock chamado Starwood. Então nós voltávamos para meu bloco do apartamento e transávamos e ouvíamos Todd Rundgren’s Runt. Eu tinha todas as drogas de graça, discos, e sexo que eu queria. E eu comprei um carro, um ’49 Plymouth que custou cem dólares e era tão desprezível que quando eu ia buscar Alli na casa dos seus pais, eu tinha que dirigir dar a volta por cima do morro porque o motor não dava conta de ir por outro caminho.

Daí eu fui demitido da Music Plus. O gerente me acusou de roubar dinheiro do caixa, e eu o mandei ir se foder.

“Foda-se você!” ele gritou de volta.

Eu entrei em fúria, e dei um soco na sua cara e no seu estômago. Eu continuei gritando, “O que você vai fazer?”

Não tinha muita coisa que ele podia fazer: ele tinha uma arma.

A pior parte de tudo isso é que ele tava certo: eu estava roubando dinheiro do caixa. Eu era um garoto de cabeça quente que não gostava de ser criticado, mesmo quando eu estava errado.

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