20 de dez. de 2010

Capítulo 9 - Vince

Capítulo 9

Vince

--

Promover anedotas, sobre o que os atenciosos leitores podem se perguntar como os deuses da fortuna sexual conseguiram favorecer ao Vince mesmo nos mais improváveis apuros.

--

Duas semanas depois da turnê do Theatre of Pain, eu coloquei meu mais novo Rolex de vinte mil dólares feito em ouro com diamantes a salvo na minha gaveta, peguei um taxi pra estação policial mais perto, e me entreguei. Eu queria acabar com isso. Eles me levaram pra uma silenciosa prisão em Torrance pra cumprir minha pena de trinta dias.

Meu companheiro de cela estava na cadeia por roubar carros esportivos, e nós dois tínhamos bons comportamentos, que significa que tínhamos que levar comida pra outros prisioneiros, limpar celas, e lavar os carros policiais. Em troca, nós ganhávamos privilégios: não apenas televisões e visitantes, mas em finais de semana os guardas nos levavam hambúrgueres e latinhas de cerveja. Eu tinha passado quase um ano na estrada tentando ficar sóbrio pra agradar a corte, e agora que eu estava na cadeia os guardas estavam me encorajando a beber. Mesmo que o sargento no turno da noite odiasse minha coragem, o resto queria autógrafo e fotos. De várias maneiras, a reabilitação, a culpa, as manchetes dos jornais, e viajar sóbrio foram sentenças piores do que a prisão.

Uma tarde, uma fã loira que tinha descoberto a cadeia que eu estava e parou pra visitar. Ela estava usando Daisy Dukes e top de lycra que amarrava na frente, e o sargento disse que eu poderia levá-la pra minha cela por uma hora. Eu andei com ela pelo corredor, observando todos os outros prisioneiros babando enquanto nós desfilávamos. Eu a coloquei na minha cela, fechei a porta, e fodi ela na minha cama dobrável. Eu não podia fazer nada errado aos olhos dos meus companheiros de prisão depois disso.

Um dia antes de eu começar minha sentença, Beth e eu tínhamos nos mudado pra uma casa de 1,5 milhões em Northbridge com a nossa filha de dois anos e meio, Elizabeth. Beth me visitava na prisão todos os dias na primeira semana. Então de repente ela parou de ir. Eu realmente não pensava muito sobre isso: eu não estava amando ela quando nós casamos, e isso apenas decaiu depois disso.

Depois de dezenove dias, o diretor me liberou por bom comportamento. Como eu não sabia sobre Beth, eu tinha um companheiro que me tirou de lá. Nós dirigimos pra Northbridge, mas eu não me lembrava onde ficava nossa casa. Depois de uma hora de busca, nós finalmente a encontramos do outro lado. Eu fui até a porta e toquei a campainha. Ninguém estava em casa. Eu andei em volta e verifiquei as janelas, mas todas as cortinas estavam abaixadas. Talvez nós estivéssemos na casa errada.

Eu andei pra trás da casa, e eu tinha certeza que eu reconheci a piscina e o jardim. Então eu decidi invadir. Tinha uma porta de vidro, e eu despedacei uma das vidraças perto da maçaneta, a alcancei e a abri, rezando pra que eu não fosse levado de volta pra cadeia por quebrar e ter invadido. Eu entrei e dei uma olhada. Era a minha casa, mas algo estava diferente: todos os móveis não estavam lá. Beth tinha levado tudo – até a bandeja de gelo do freezer. Tudo o que ela deixou pra trás foi o meu Rolex e meu Camaro Z28. O único problema era que ela tinha levado as chaves.

Eu liguei para os pais da Beth, pro seus avós, e seus amigos, e todos eles afirmaram que não sabiam dela. Eu não estava interessado em falar com ela: eu só queria um divórcio, a chave do meu carro, e alguma forma de manter contato com a minha filha. Eu não vi Beth de novo por quase dez anos, quando ela apareceu em um show na florida na companhia do seu novo marido e uma nova criança. Nossa filha, Elizabeth, finalmente tinha mudado pra Nashville pra tentar ser uma cantora country.

Pra mim, depois de um ano de sobriedade vigiada, prisão, terapia, e penitência, estava na hora de ter um pouco de diversão com responsabilidade. Eu me mudei com dois colegas e, ao invés de comprar móveis, instalei um poço de lama pra lutas de mulheres. Eu convidei todos os traficantes de drogas que eu conhecia pra ir à minha casa, porque onde tinha drogas, tinha garotas. Em uma das minhas festas, um bando de pessoas de terno entrou. Indo pra fora, um deles colocou na minha mão uma pedra de cocaína do tamanho de uma bola de golf, virou seu chapéu, e disse, como se ele fosse Deus ou algo assim, “Obrigada por sua hospitalidade.” Depois disso, ele estava na minha casa toda noite. Seu nome era Whitey, um traficante de drogas que provavelmente usava mais cocaína do que ele vendia, um convidado de casa que nunca foi embora. Ele tinha passado algum tempo em New Mexico, e logo ele iria começar trazer seus colegas de lá, particularmente um cara violento, sensível, deprivado chamado Randy Castillo. Algumas noites acabávamos com um monte de garotas com lingerie e Whitey, Randy, e alguns outros amigos de roupão; outras noites eu trazia um monte de garotas da Tropicana para lutarem peladas pra mim e pros meus companheiros. Eu queria demais esquecer sobre o ano passado, parar de ser Vince Neil e começar a ser outra pessoa, como Hugh Hefner.

fig. 5

6 de dez. de 2010

(continuação 2) Capítulo 8 - Nikki

Rick Nielse, o guitarrista do Cheap Trick, queria nos apresentar ao Roger Taylor do Queen, que era um dos bateristas favoritos do Tommy. Roger nos levou a um restaurante russo que ele disse que o Queen e os Rolling Stones sempre iam. Ele levou Tommy, Rick, Robin Zander - o vocalista do Cheap Trick, e eu para uma sala privada com mãos esculpidas em carvalho pelo teto. Nós sentamos em volta de uma grande mesa velha de madeira e bebemos todos os tipos de vodkas conhecidas por um homem – doce, picante, de framboesa, alho – antes de atacarmos um banquete russo. Rick estava vestindo uma jaqueta preta de borracha, e por alguma razão eu ficava falando pra ele que eu queria mijar naquilo.

Nós estávamos começando a ficar bêbados e cheios, rindo sobre como aquela noite foi boa, quando um garçom entrou e disse, “A sobremesa vai ser servida.” Daí a equipe inteira de garçons entrou na sala. Tinha um garçom pra casa um de nós, e casa um estava cuidadosamente carregando uma travessa de prata coberta. Eles colocaram os pratos na nossa frente e um por um foi levantando as tampas. Em cada uma tinha sete carreiras. Mesmo eu estando com medo da noite anterior, eu cheirei todas elas e continuei bebendo. A próxima coisa que eu soube, nós estávamos de volta ao bar do nosso hotel e Roger Taylor estava falando com Rick Nielsen enquanto eu estava sentado no banco atrás deles. Eu me ajoelhei no bando, abaixei minha calça de couro, e fiz o que eu prometi a noite inteira: mijar na jaqueta do Rick. Ele não percebeu o que estava acontecendo até começar gotejar na sua calça até no chão. Eu pensei que isso era muito engraçado na hora, mas quando eu fui pro meu quarto depois disso, eu me senti muito mal: eu tinha mijado no meu herói.

Eu queria sair por aí e procurar heroína naquela noite, mas eu me forcei a ficar deitado na cama e esperar o sono vir. Eu não iria parar de usar heroína, mas talvez fosse hora de usar menos. Eu comecei a tentar controlar meu consumo: eu injetava um dia, e ficava limpo no outro. Às vezes eu ficava três dias sem injetar. Mas eu estava apenas me fazendo de idiota. Eu descobri que eu sentia falta da heroína antes da turnê acabar.

Antes de a gente entrar no avião pra ir da França pra casa, eu liguei pro meu fornecedor em L.A. e disse a ele pra me encontrar no aeroporto. Então eu liguei pra uma limusine pra pegá-lo pra ter certeza que ele estaria lá em tempo. Eu fiquei impaciente no meu banco a viagem inteira, pensando em injetar essa doce dose de heroína nas minhas veias depois de tanto tempo. Eu não me importava mais em meter. Vince podia pegar todas as garotas – apenas me deixe as drogas.

Eu fui o primeiro a sair do avião. “Tchau garotos, vejo vocês depois,” foi tudo o que eu disse pra banda que eu passei os últimos oito meses junto. Daí eu me mandei com o meu fornecedor, entrei na limusine, e já tinha uma agulha no meu braço antes da porta estar fechada. Nós encontramos a Nicole na Valley Vista Boulevard na Sherman Oaks, onde ela me mostrou a minha primeira casa de verdade, que ela tinha escolhido pra mim enquanto eu estava em turnê.

Eu sempre pensei que idade e sucesso tinha me permitido de superar a vergonha e baixa auto-estima que eu tinha desenvolvido na constante mudança de casas e escola quando criança, mas na realidade eu não tinha mudado nada. Eu tinha apenas afogado esses sentimentos na heroína e no álcool. Como um ser humano, eu nunca realmente tinha aprendido como agir ou me comportar. Eu continuava sendo a criança que não sabia jogar jogos normais com seus primos. Enquanto eu crescia, eu apenas me colocava em situações onde eu era o único a fazer o show. Eu não era interessado em sair com outras pessoas no ambiente delas, onde eu não tinha controle. Então uma vez que eu coloquei os pés na minha casa, eu dificilmente saia. Nicole e eu injetávamos entre quinhentos mil dólares por dia em droga. Nós chegávamos com sacolas de heroínas, pedras de cocaína, caixas de Cristal, e o tanto de pílulas que conseguíssemos.

Primeiramente, isso era uma grande festa. Izzy Stradlin ficava enrolando uma bola na frente da lareira, atrizes pornô passavam pela sala de estar, e Britt Ekland saia do banheiro cambaleando. Uma noite, duas garotas foram lá e disseram que elas estavam com um cara chamado Axl que era de uma banda chamada Guns n’ Roses, e ele queria entrar lá, mas ele era muito tímido para bater e pedir.

“Eu acho que já ouvi sobre ele,” eu disse pra elas. “Eu conheço o guitarrista dele ou algo assim.”

“Então ele pode entrar?” elas perguntaram.

“Não, mas vocês podem.” Eu disse pra elas. E elas entraram.

Enquanto eu usava mais e mais cocaína. A paranóia veio e logo eu dificilmente conseguia deixar as pessoas na casa. Nicole e eu ficávamos sentados pelados por aí dia e noite. Minhas veias estavam desmoronando e eu procurava pelo meu corpo pra achar novas: nas minhas pernas, nos meus pés, mãos, pescoço, e, quando as veias de todos os lugares estavam secas, meu pinto. Quando eu não estava injetando, eu fazia ronda da minha casa por causa de intrusos. Eu comecei a ver pessoas em árvores, ouvia policiais no telhado, imaginar helicópteros do lado de fora com equipes da S.W.A.T. vindo me pegar. Eu tinha uma .357 Magnu,. E eu constantemente caçava pessoas no closet, embaixo da cama, e dentro da máquina de lavar, porque eu tinha certeza que tinha alguém escondido na minha casa. Eu ligava pra companhia de segurança, West-Tech, freqüentemente que eles tinham uma anotação no escritório que avisava os patrulheiros para atender meus alarmes com precaução porque eu tinha apontado uma arma carregada várias vezes nos seus empregados.

Eu estive no palco tocando pra dez mil pessoas, agora eu estava sozinho. Eu tinha me afogado em uma condição sub-humana, passando semanas no meu closet com uma agulha, uma guitarra, e uma arma carregada. E ninguém da banda visitava, ninguém ligava, ninguém vinha me resgatar. Eu não podia culpá-los. Depois de tudo, Vince tinha ficado na cadeia por três semanas e nenhuma vez me ocorreu de ligar pra ele ou visitá-lo.

(continuação) Capítulo 8 - Nikki

Quando a turnê terminou na Europa, eu estava vingativo, me odiando. No dia dos namorados, nós tocamos com o Cheap Trick em Londres e os caras do Hanoi Rocks foram lá pra ver o show. Brian Connolly da Sweet estava no backstage, e eu sabia que ele não se lembrava de ter dito pra mim que eu nunca conseguiria aquilo quando eu mandei pra ele umas demos da London uns anos antes. Quando eu o vi, eu senti raiva e fiquei magoado por causa daquela ligação. Eu o encarei, esperando que ele de alguma forma se lembrasse e viesse pedir desculpas, mas ele nunca disse uma palavra pra mim. E eu não iria até ele parecendo feliz porque eu parecia uma merda por não ter injetado desde manhã. Eu estava satisfeito com todo mundo na banda falando o quão idiota ele era naquela noite. Esse foi o meu presente de dia dos namorados.

Eu peguei o Andy do Hanoi Rocks depois no show e nós entramos em um taxi preto inglês pra procurar heroína. Com a música do Clash “White Man in Hammersmith Palais” tocando em minha cabeça, nós finalmente achamos um comerciante em uma fila fodida de condomínios de casas próximo.

“Essa coisa é bem forte.” O comerciante sorriu pra mim com os dentes largos e podres.

“Tudo bem,” eu disse pra ele. “Eu sou um velho profissional.”

“Você parece bem mal, cara,” ele me disse. “Você quer que eu faça isso pra você?”

“Sim, seria ótimo.”

Ele ergueu minha manga e amarrou uma borracha de médico em volta do meu braço. Eu segurei firme enquanto ele enchia o êmbolo e enfiava a agulha no meu braço. A heroína correu pelas minhas veias e, logo que ela explodiu no meu coração, eu percebi que eu tava fodido. Eu nunca deveria ter deixado outra pessoa injetar em mim. Foi isso: Eu estava morrendo. E eu não estava pronto. Eu ainda tinha coisas pra fazer, mesmo eu não lembrando exatamente o que era. Ah é. Merda.

Eu tossi, eu sufoquei, eu tossi de novo. Eu acordei e o quarto parecia de ponta cabeça. Eu estava no ombro do comerciante, que estava me carregando pra fora da porta como uma bolsa velha de lixo. Eu fiquei sem ar de novo, e vomito começou a transbordar da minha boca. Ele me colocou no chão. Meu corpo ficou azul, tinha gelo na minha calça que era do Andy tentando me acordar, e eu tinha vergões enormes no meu braço e peito por ter sido golpeado com um taco de baseball. Foi a idéia do comerciante: ele pensava que poderia me deixar com muita dor que meu sistema se chocaria e voltaria a funcionar. Quando essa tática falhou, ele evidentemente deicidiu me jogar na caçamba atrás do condomínio e me deixar morrer. Mas daí eu vomitei nos seus sapatos. Eu estava vivo. Eu considerei meu segundo presente de dia dos namorados da noite.

Claro, eu não aprendi minha lição. Ninguém na banda nunca pareceu aprender sua lição, não importava quantos avisos Deus dava. Duas noites depois, eu estava nisso de novo.

Capítulo 8 - Nikki

Capítulo 8

Nikki

--

Uma mensagem que avisa os leitores mais influenciáveis a respeito de uso incontrolável de narcóticos. Particularmente na presença de revólveres, magistrados, e recipientes de lixo grande o suficiente para acomodar corpos humanos.

--

No dia que a sentença do Vince proferiu, eu estava em casa com a Nicole. Quando eu atendi ao telefone, tinha uma agulha no meu braço. Nós tínhamos sidos agendados em uma turnê na Europa com o Cheap Trick em dois meses, e eu tinha isolado tanto o Vince que eu não me importava quantos anos ele ficaria sentenciado, desde que isso não fodesse a turnê, porque Cheap Trick sempre foi uma grande influência e agora eles iriam ser nossa banda de abertura. Quando eu ouvi dizer que eram apenas trinta dias, apesar de tudo, meu coração se derreteu e meus olhos encheram de água. Ele iria ficar bem, e a banda iria continuar sã e salva, mesmo que nós não merecêssemos isso. Daí eu injetei e cochilei.

Heroína era o meu segredo e de Nicole, e por causa disso ninguém na banda imaginava o quão ruim eu estava ficando. Eu nunca disse pro nosso empresário ou pros seguranças que eu estava injetando: eu sempre pegava heroína sozinho. E mesmo eu ainda não tivesse ficado patético, eu estava lentamente chegando lá. A ironia disso tudo foi que mais tarde eu soube que nosso contador tinha originalmente me colocado com Nicole porque ele pensou que a influência dessa limpa, prazerosa garota poderia me por na linha. Ele subestimou muito bem meus poderes, ou falta disso. Eu aprendi isso quando nós fomos pro Japão.

Eu não levei nenhuma droga comigo, imaginando que poderia ser um bom modo de parar, mas no fim da viagem de avião, eu comecei a ficar doentio. No hotel, eu comecei a suar, meu nariz estava escorrendo, minha temperatura abaixando, e meu corpo começou a se sacudir. Eu nunca senti nada como isso antes quando não usava drogas. Eu sempre penei que eu era mais forte do que qualquer droga, que eu era muito inteligente para ser dependente ou algo assim, que apenas idiotas sem força de vontade ficavam viciados. Mas no meu quarto de hotel, eu cheguei à conclusão que ou eu estava errado ou eu era um idiota. Eu peguei meu pequeno toca-fitas da minha bolsa e coloquei o primeiro álbum da Lone Justice, que tinha acabado de ser lançado. Eu o ouvi repetidas vezes durante vinte e quatro horas enquanto eu fiquei deitado acordado, muito mal pra dormir.

Depois de dois dias passando mal sem drogas, eu percebi que eu era de fato um viciado. A banda tinha mudado de um demônio contente, divertido pra algum tipo de criatura nômade amarga, com a pele grossa e calejada. Nós estávamos cansados, nós nunca tínhamos parado em anos, e eu tinha me tornado grosseiro e medíocre.

Mas eu estava em um país onde fãs me davam pequenos bonecos, faziam desenhos pra mim, diziam que amavam meu cabelo, e vinham até mim chorando. Através da minha doença, eu podia perceber que pela primeira vez, eu estava tendo um pouco do amor que eu tinha procurado por um tempo na música. E em troca eu aterrorizei o país, destruindo tudo no meu caminho, e bebendo tudo que eu podia para apagar tudo. Eu estava com medo, do amor, do vício, e nojo de mim mesmo.

22 de nov. de 2010

Capítulo 7 - Vince

Capítulo 7

Vince

--

Em que Vince solucionou a complexidade do cotidiano vivendo em púbicos alojamentos dentro de uma fórmula matemática: três contra um.

--

Eu nunca pensei ser um alcoólatra até eu completar a reabilitação com sucesso. Daí eu me tornei um alcoólatra. Antes, eu só bebia pra me divertir. Mas depois do acidente, eu continuava tentando esquecer sobre o que tinha acontecido. Se eu fosse ter um papel no mundo como um ser humano normal, eu não poderia continuar me culpando por Razzle e Liza Hogan e Daniel Smithers.

Na terapia, de qualquer forma, eles não me deixavam esquecer nada: eles me faziam trabalhar através dos meus sentimentos sobre o acidente todos os dias até eu começar querer beber para poder esquecer tudo sobre eles de novo. Era um círculo vicioso. Mesmo que eu tivesse ficado sóbrio, eu sabia que só precisava de uma cerveja, um copo de vinho, ou uma garrafa de Jack até eu virar um completo alcoólatra, pior do que era.

Enquanto eu esperava pelo julgamento, eu voei pelo país e prevenia crianças contra beber e dirigir, e isso ajudava a evitar os demônios do alcoolismo que estavam confundindo meu cérebro. Mas para ficar sóbrio, você também precisa de pessoas ao seu redor pra te apoiar. E a não ser pelos nossos empresários, que me ofereceram uma jóia de ouro Rolex se eu conseguisse passar três meses sem beber, ninguém me apoiava.

No avião, os garotos viravam pra mim e perguntavam, enquanto eles bebiam Jack e coca, “Vince, você pode passar essa porção de coca pra cá?” elesRecebendo os albúns de platina do Theatre of Pain com Doug Thaler (esquerda) e Doc McGhee (direita).

fumavam baseado e jogavam a fumaça na minha cara. Eles agiram dessa forma a turnê inteira, e se eu tivesse um ataque e pegasse uma bebida, eles brigavam comigo e me falavam que eu estava prejudicando a banda. Enquanto eu estava na reabilitação, Tommy tinha dirigido sua moto bêbado com Joey Vera da Armored Saint na garupa. Ele se fodeu na auto-estrada e capotou a coisa seis vezes, esmagando a mão do Joey, daí ele não pôde mais tocar baixo. E ninguém disse uma palavra pro Tommy. Ele continuou bebendo como se não fosse problema de ninguém, ficando tão bêbado que nosso empresário, Rich Fisher, tinha que o arrastar pra fora da cama quando fosse hora de deixar o hotel, o jogar no bagageiro, o rolar pra baixo do ônibus, e daí achar uma cadeira de rodas no aeroporto pra levá-lo pro avião. Uma noite, Rich algemou Tommy na cama pra ele não beber, mas dentro de uma hora, Tommy tinha escapado e estava no andar de baixo, deitado sem consciência em uma pilha de vidro quebrado de uma divisória de um restaurante que ele tinha acabado de quebrar.

Isso era engraçado pros garotos, mas tudo o que eu fazia estava errado. Uma regra no avião era: Manter as mãos longe das aeromoças. Mas eu estava tão entediado por estar sóbrio que eu sempre acabava com uma aeromoça no banheiro ou no pequeno quarto do fundo ou no quarto de hotel depois que nós aterrissássemos. Daí a banda descobria e ela era demitida. Para me colocar no meu lugar, eles contrataram a esposa do piloto como uma aeromoça. Por fim, eles colocaram um segundo segurança chamado Ira na lista de pagamento e seu único trabalho era me expulsar e me levar pro meu quarto se eu bebesse ou causasse qualquer problema em público.

Enquanto isso, todo mundo estava tendo tempo pra suas vidas. Enquanto nós estávamos ensaiando para uma nova etapa da turnê, Tommy apareceu com algumas polaróides que ele estava pegando enquanto estava fodendo Heather Locklear. Eles tinham começado a namorar, e agora nós tínhamos o privilégio de ver a bunda da Heather Locklear de perto.

Mulheres se tornaram meu novo vício, também. Mas não mulheres como Heather Locklear. Ao invés de beber e usar drogas, eu transava com um monte de groupies. E tinha toneladas delas. Eu metia em quatro ou cinco garotas por noite. Eu fazia sexo antes de um show, depois de um show, e às vezes durante o show. Isso nunca parou, porque eu nunca deixei passar uma oportunidade e as oportunidades estavam sempre lá. Algumas vezes, quando eu realmente precisava de uma distração, eu alinhava meia dúzia de garotas peladas no chão do meu quarto no hotel ou encarando a parede, daí eu fazia um curso pelo obstáculo sexual. Mas a novidade acabava rapidamente. Mesmo quando eu estava casado com Beth e nós tivemos uma filha, nosso relacionamento não melhorava. Além disso, seu 240Z laranja, que eu amava tanto, tinha ido pelos ares. Então era só uma questão de tempo antes de acontecer isso com o nosso relacionamento, também.

Parecia que todos meus relacionamentos estavam explodindo na minha cara. Eu podia entender porque a banda estava tão irritada, mas o que eu tinha feito era passado e estava acabado. Como meus colegas de banda, eles deveriam ter me apoiado. Depois de tudo, nós tínhamos gravado um álbum fraco e o primeiro sucesso dele, um cover do Brownsville Station’s “Smokin’ in the Boys Room,” que eu tocava com a minha outra banda, Rock Candy, foi idéia minha. Mas toda noite, mesmo eu amando cantá-la ao vivo, Nikki reclamava que a música era estúpida e ele não queria tocá-la. Fora a “Home Sweet Home,” que a MTV transmitiu várias vezes eles tiveram que estabelecer uma data de expiração para novos vídeos ao invés de pararem o monte de pedidos, o resto do álbum era uma merda. Toda noite, quando eu andava por ai pelo palco com as minhas calças de couro Pink que amarravam dos lados, eu me sentia como o único sóbrio o suficiente para perceber o quanto era ruim algumas daquelas músicas. Eu estava chocado que o disco tinha ganhado dois platina, e talvez isso apenas reforçou a idéia que nós éramos tão bons que nós até podíamos lançar um álbum terrível.

Quando nós voamos de volta pra L.A. entre etapas da turnê, meu advogado arranjou um encontro no tribunal com o promotor público e outros familiares dos outros envolvidos no acidente. Ao invés de evitarem um julgamento, ele me aconselhou de confessar a minha culpa para veicular homicídio culposo e fazer um acordo. Ele explicou que as pessoas que estavam bebendo no princípio em minha casa era somente as do Mötley Crüe e do Hanoi Rocks, a festa poderia ser explicada como um encontro de negócios e nós estaríamos apiteis a pagar os danos para os familiares através do seguro da banda, porque não tinha como eu indenizá-los sozinho. Isso porque os familiares das vítimas concordaram que o que todo mundo achou uma sentença leve: trinta dias na cadeia, 2,5 milhões de indenização pra eles, duzentas horas de serviço pra comunidade, sendo que eu já estava indo discursar nas escolas e nas rádios. Além disso, meu advogado disse pro advogado jurisdicional que eu poderia fazer melhores discursos por aí do que ficar com a bunda na prisão, onde eu não poderia beneficiar alguém. O advogado jurisdicional concordou e adiou minha sentença pra depois da turnê.

A sentença foi um grande apoio, levantando uma nuvem negra que estava em cima da minha cabeça. Mas isso tinha vantagens e desvantagens, porque agora as pessoas me odiavam mais do que antes. As manchetes nos jornais me chamavam de assassino à tona, mas agora eles eram mais malvados: “Vince Neil Assassino bêbado Sentenciado para Rodar o Mundo com a Banda de Rock.”



8 de nov. de 2010

Capítulo 6 - Nikki (continuação)

Desde o acidente do Vince, nós quatro começamos nos isolar e ter vidas separadas. Especialmente Vince. Quando nós saímos pra turnê do Theatre of Pain, ele ficou de fora. Por alguma razão, nós continuávamos o vendo como o garoto mau e o isolando. Ele estava com problemas, mas nós não. Então se eu o visse com uma cerveja depois do show, eu brigava com ele. Por um lado, ele merecia isso, porque se ele fosse pego, o juiz poderia crucificá-lo no julgamento. Mas por outro lado, lá estava eu o repreendendo por beber uma cerveja enquanto eu tinha uma garrafa de Jack na minha mão e uma seringa na minha bota direita.

Então enquanto todo mundo estava ocupado mantendo Vince longe da bebida, ninguém imaginava que eu estava progressivamente ficando pior. Numa noite antes nós supostamente gravarmos o clipe da “Home Sweet Home” em uma pausa da turnê no Texas, eu peguei Vince no bar do hotel e disse pro Fred Saunders, nosso segurança, para mandá-lo para o quarto dele com uma garota. Enquanto isso, eu tinha um pouco de cocaína que eu queria misturar com alguma coisa. Então eu disse pro Fred que eu precisava de algumas pílulas. Ele voltou com quatro pílulas gigantes azuis na sua mão, e avisou, “Não use mais do que uma disso aqui. Elas irão te apagar.”

Eu o agradeci e peguei uma stripper loira com uma bota de cowboy até a coxa, calças jeans Jordache apertadas, e grandes tetas falsas saindo do seu top vermelho. Nós fomos pro meu quarto, e eu engoli um quinto de whiskey, e cheirei e injetei o máximo de cocaína que eu pude, e engoli as quatro pílulas em um gole. Eu apenas ofereci a ela umas migalhas do que restava de cocaína, porque eu não me importava. Eu estava usando para encher tudo à vista no meu sistema, porque eu tinha descoberto que minha forma favorita de entretenimento era misturar tudo e ver o que aconteceria com o meu corpo.

Nessa noite em particular, meu corpo alcançou esse objetivo. Conforme tomei as pílulas, minha cabeça começou a queimar, e eu senti um louco choque de energia me rasgando. Imagens da minha mãe e do meu pai flutuavam na frente dos meus olhos. Eu tinha esquecido tudo a respeito do meu pai desde quando eu tinha mudado meu nome, mas agora todo o solitário ressentimento e raiva que eu nunca tinha confrontado com ele voltou. Minha mente sempre foi como um trem, correndo adiante cheio de velocidade toda hora e parando por nada. Mas de repente isso descarrilou. Eu saltei em cima da mesa, e comecei a arrancar meu cabelo, gritando. “Não sou eu! Eu não sou o Nikki! Eu sou outra pessoa!”

A loira talvez achou que ela viria pro meu quarto pensando que ela iria transar com Nikki Sixx, mas agora ela tinha um Frank Ferrana louco para lidar, um nerd do ensino médio que tinha surgido aterrorizando na pele de um rock star. A loira pegou a lista do hotel e ligou pro Fred. Ele correu pro quarto e me tirou de cima da mesa. Eu cai no chão e comecei a ter convulsões enquanto uma espuma branca começou a vazar da minha boca. Fred tentou fazer com que eu mordesse o rolo de papel higiênico, mas eu comecei a gritar. Meio berro, e de repente eu desmaiei.

Quando eu acordei de manhã, eu estava calmo, mas eu realmente fiquei melhor. Uma limusine me levou até a gravação do vídeo e alguém me colocou as roupas completamente glam do Theatre of Pain. A gravação iria ser meio dia no palco, e enquanto eu esperava, eu fiquei andando por debaixo do palco. Eu encontrei um cara lá embaixo, e nós tivemos uma longa conversa sobre família e música e morte. Quando chegou a hora da gravação, eu estava chateado por ter sido interrompido.

“Nikki,” disse Loser, meu técnico do baixo. “Com quem você está falando?”

“Estou conversando. Deixe-me sozinho.”

“Nikki, não tem ninguém aí.”

“Deixe-me sozinho!”

“Calma, cara. Você está fora de si.”

Nós gravamos algumas cenas no backstage, beijando pôsteres de meninas como Heather Thomas que nós colocávamos na parede em cada cidade, daí fomos pro palco. Eu me senti como se eu tivesse usado ácido ou estimulante na mesma hora, e continuava bebendo whiskey para tentar me matar. Meus olhos estavam tão fodidos que eu não conseguia ver nada e tive que usar óculos de sol para o vídeo. Eu mal podia andar, então eles alinharam duas dúzias de pessoas na frente do palco para ter certeza que eu não iria cair.

Eu tinha que admirar Vince porque ele nunca me disse uma palavra maliciosa sobre o quanto eu estava fodido. Mas isso porque provavelmente ele mesmo tinha descoberto a alegria das pílulas. Ele tomava uma pílula em silêncio, na dele, e escapava das pressões de estar em uma turnê com a gente, de discursar em escolas do ensino médio em toda cidade, de falar com terapeutas sobre o acidente toda hora, de não poder beber, e de não saber semana pós semana se ele iria estar em turnê ou na cadeia.

Nós pensávamos em nós como um exército ou uma gangue. Isso porque, pra turnê, nós compramos um avião privado e o pintamos de preto com um pinto gigante e bolas na cauda, então toda hora que nós aterrizávamos parecia que estávamos vindo para foder a cidade. Mas ao invés de agirmos como invasores, nós começamos a nos tornar comandantes rivais. Cada um de nós atraiamos diferentes soldados depois de cada show. Os drogados e maconheiros e garotos que gostavam de falar “cara” saiam com o Tommy, que estavam interessados na sua fase de se vestir tipo Sisters of Mercy e Boy George; os nerds de guitarra corriam pro Mick; os drogados me pegavam pra uma longa conversa sobre livros ou discos; e Vince se isolava na sua concha. Ele pegava uma garota, e voltava pro ônibus ou pro seu quarto de hotel e fazia isso.

Talvez isso o fizesse se sentir salvo. Ele não podia confiar mais na gente porque nós o abandonamos, mas ele tinha achado uma garota, e ela deveria amá-lo com seu corpo inteiro e coração naquela noite, e ele estava em uma situação que era familiar, que ele podia controlar, e que o manteria distraído. Sem pensar nisso, Tommy, Mick, e eu desenhamos uma linha e colocamos Vince do outro lado. E conforme nós continuávamos nos divertindo enquanto o fazíamos ficar sóbrio, mais grossa essa linha ficava, até a terra rachar e Vince ficar sozinho em um pequena rachadura de pedra, separado do resto de nós por um abismo que todas as pílulas, garotas, e terapeutas no mundo não podiam atravessar.

Capítulo 6 - Nikki

Capítulo 6

Nikki

--

Mais aventuras relacionadas à tristeza, na qual nossos heróis encararam seus melhores inimigos: eles mesmos.

--

Quando Vince chegou ao estúdio, não teve uma reunião lacrimosa. Um vago senso de tristeza envolveu a sala, como se uma ex-mulher tivesse de repente surgido na porta. Eu estava pavoneando por L.A. com Robbin Crosby e os caras do Hanoi Rocks como se eu fosse o rei do mundo nos meses passados, sem um pensamento sobre a banda. Eu tinha escrito músicas para o álbum que se tornaria o Theatre of Pain, mas eu não tinha idéia do que eu estava fazendo ou falando ou tocando; eu estava tão fodido que eu quase não conseguia me vestir mais.

Quando Vince timidamente disse oi, sem pensar que ele tinha acabado de sair da reabilitação, eu ofereci uma carreira pra ele. Talvez apenas para se encaixar de novo, ele disse sim, enrolando uma nota de um dólar, e cheirando. Daí ele tampou sua boca e correu pro banheiro, onde ele vomitou tudo no seu estômago durante cinco minutos.

“O que é isso?” Vince perguntou.

“Heroína, cara,” eu disse pra ele.

“Heroína? Por que você ta fazendo isso?”

“Porque é legal.”

“Jesus, você está fodido!”

Mas nós estávamos todos fodidos. O que Vince não entendia era que ele estava ficando sóbrio, e nós estávamos atingindo o ponto máximo do vício. Nós estávamos socados em casa e não sabíamos o que fazer conosco depois uma intensa turnê. Nossas namoradas e esposas – Lita pra mim, A Coisa pro Mick, e Honey pro Tommy – tinham nos deixado, e nós estávamos sozinhos. Então Mick se perdeu em coquetéis feitos em casa, Tommy em galões de vodka e gramas de cocaína, e, pra mim, não tinha nada que eu pudesse injetar no meu sistema.

Toda vez que eu voltava pra casa depois do estúdio, eu abria a porta e lá tinha pessoas por todo lugar na porta da frente, ouvindo música, cheirando, fodendo. Eu passava por eles, porque eu não sabia quem eles eram e me espatifava na cama. Meu quarto era cheio de agulhas e livros. Eu estava lendo sobre a relação entre teatro, política, e cultura, desde a antiguidade onde animadores que não conseguissem fazer um rei rir seriam mortos para novas idéias como a composição de Antonin Artaud no “The Theater of Cruekty.” Nós iríamos originalmente chamar o álbum de Entertainment or Death, mas uma semana depois de Dough Thaler tatuar isso no seu braço, nós mudamos para Theatre of Pain. Eu roubei o título ou da composição de Artaud, de uma garota que eu tinha saído várias vezes chamada Dinah Cancer (que estava na banda 45 Grave), ou dos dois.

No estúdio, ninguém gostava do som que eles estavam fazendo nos seus microfones, baixos ou guitarras. Mas nós estávamos tão bêbados para fazer algo sobre isso. Mick estava irritado por ter que usar um amplificador Gallien-Krueger ao invés do seu Marshall, embora ele praticamente molhou suas calças quando Jeff Beck veio pedir emprestado uma de suas palhetas.

Eu tinha escrito apenas cinco músicas, e nós gravamos todas. Daí nós tivemos que saquear demos antigas para conseguirmos um álbum completo. “Home Sweet Home” foi uma das primeiras músicas que nós colocamos na fita, e isso capturou nosso sentimento na época por sermos vagabundos presos e sozinhos e desesperados desejando algum senso de segurança, ou família, intimidade, ou morte. Mas nós estávamos gravando muito pobremente: nós íamos pro estúdio e gravávamos duas, odiávamos as duas, e daí íamos ficávamos entediados e de saco cheio e íamos pra casa. E fizemos isso todos os dias da semana, apena na“Home Sweet Home,” chegando a lugar nenhum muito lentamente.

Enquanto nós estávamos trabalhando na música, nosso contador foi até o estúdio com uma atriz aspirante chamada Nicole. Ela era muito bonita, mas ela tinha seu cabelo armado e usava spray para mantê-lo espesso e liso na frente. Minha primeira impressão foi que ela era uma irritante advogada. Eu sempre fui muito desinteressado em garotas. Eu gostava de transar, mas logo que eu acabava, eu saia do quarto se nós estivéssemos em turnê e batia na porta de algum companheiro de banda meu para ver o que eles estavam fazendo. Eu não sei por que ninguém gostava de mim: eu não era um bom namorado. Eu era entediante, eu traia, e eu não me interessava em qualquer coisa que alguém tivesse pra falar se isso não se referisse diretamente à mim.

Depois de ver Nicole nos ensaios durante alguns dias, eu perguntei à ela, “Você quer comer comida tailandesa? Eu a levei em um restaurante chamado Toi próximo da esquina da casa que eu e Robbin dividíamos.

Algumas garrafas de vinho depois, eu perguntei a ela, “Ah, você já experimentou heroína?”

“Não,” ela me disse.

“E cocaína?”

“Sim, várias vezes.”

“E tranqüilizantes?”

“Hum, acho que sim. Talvez uma vez.”

“Bom, vou te dizer uma coisa. Eu tenho um pouco de heroína, cocaína e uns tranqüilizantes se você quiser ir à minha casa. Eu também tenho algumas garrafas de whiskey, e nós podemos nos divertir.”

“Ok,” ela disse. Eu posso dizer que ela estava morrendo para terminar a sua aparência, para experimentar uma noite com um garoto mau e daí voltar para o mundo real e talvez fofocar sobre isso com outras putas vaidosas porque isso era muito fora de caráter.

Nós fomos pra casa e ficamos loucos, e transamos. Mas por alguma razão ela não foi embora. Ela gostou das drogas. Nós nos divertimos, elas nos colocaram em culpa: eu sabia o segredo dela, e ela sabia o meu. Toda noite depois do ensaio, nós íamos pra casa e injetávamos. Daí nós começamos acordar pela manhã e injetar. Daí ela ia aos ensaios, e não importava o que estivéssemos gravando, eu fazia uma pausa e injetava no banheiro ou no carro ou em outros lugares que nunca tinha feito e voltava pro estúdio. Parecia que éramos namorado e namorada, mas tecnicamente nós éramos apenas companheiros de drogas. Usando o pretexto de namoro como uma desculpa para passar todo o tempo juntos usando heroína, nós levamos o outro para baixo até ficarmos loucamente viciados. Nós dificilmente transávamos: nós apenas injetávamos e dormíamos no meu colchão sujo.