15 de abr. de 2010

(continuação 2) Capítulo 3 - Nikki

Uma noite, enquanto eu estava louco de alucinações e bebida, um roqueiro corcunda com cabelo preto entrou no Magnolia Liquor. Ele parecia uma horripilante versão de Johnny Thunders, então eu perguntei pra ele se ele tocava. Ele fez que sim com a cabeça.

“O que você curte?” Eu perguntei.

“The Paul Butterfield Blues Band e Jeff Beck,” ele respondeu. “E você?”

Eu estava desapontado que esse corcunda, que parecia tão demente, era tão insatisfatório, previsível. Eu comecei a falar a lista de músicas boas que eu curtia – “The Dolls, Aerosmith, MC5, Nugente, Kiss” – e ele apenas olhou para mim desdenhoso. “Ah,” ele disse me sacaneando, “Eu curto caras que realmente tocam.”

“Vai se foder, cara,” Eu respondi de volta. Pomposo como merda.

“Não, foda-se você,” Ele disse, sem raiva, mas firme e confiante, como se eu devesse ver os meus erros.

“Saia da minha loja, cuzão.” Eu fingi que eu ia saltar do balcão e chutar sua bunda de amante de Jeff Beck.

“Se você quer ver um bom guitarrista, venha me ver hoje à noite. Eu estarei tocando descendo a rua.”

“Saia daqui. Eu tenho coisas melhores pra fazer.”

Mas claro que eu ia vê-lo. Eu poderia ter odiado seu gosto, mas eu gostei da sua atitude.

Essa noite, eu roubei um semi litro de Jack Daniels, enchi minha meia com isso, e fiquei bêbado do lado de fora do bar. Lá dentro, eu vi aquele torto e pequeno Quasimodo de couro tocando guitarra com um microfone estendido, passando-a para cima e para baixo pelo pescoço o mais rápido que ele podia. Ele estava ficando louco, colocando toda a merda pra fora daquela guitarra como se ele tivesse pegado ela dormindo com sua namorada. Eu nunca tinha visto ninguém tocar guitarra daquele jeito na minha vida. E ele estava desperdiçando seu talento com uma banda que parecia desprezar Allman Brothers. Depois do show, nós fomos sentar e ficar bêbados juntos. Eu estava humilhado por ele tocando e decidi que iria esquecê-lo por seu gosto de merda em relação à música. Nós nos falamos no telefone algumas vezes depois disso, então eu perdi as pegadas dele.

Eu comecei andar por aí com bandas como tabletes de anfetamina. Eu ia para audições listadas no The Recycler, participei por um dia, e então nunca apareci de novo. Por fim, eu aprendi a deixar meu baixo no porta malas do carro quando eu primeiramente ia encontrar uma banda. Se eles não tivessem vibração – que era quase sempre o caso desde eles serem todos Lynyrd Synyrd e eu era Johnny Thunders – eu falava para eles que eu tinha que correr para o carro para pegar meu equipamento e então eu ia embora.

Mas a persistência custou caro, e eu repliquei uma propaganda para uma banda chamada Garden ou Soul Garden ou Hanging Garden ou Hanging Soul. Eles eram um bando de sombrios com cabelos pretos longos, que era mais ou menos o que eu parecia ser. Enfim, eles tocavam terrivelmente Doors – como psicodélico Jam-rock, e eu fui embora. Mas eu continuei correndo atrás do guitarrista da banda, Lizzie Grey,

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no Starwood. Ele tinha um cabelo longo enrolado, camiseta sem manga, e salto alto. Uma mistura entre Alice Cooper e uma cascavel, ele era ou a mulher mais bonita ou o homem mais feio que eu já tinha visto, com a única exceção de Tiny Tim. Nós logo descobrimos que nós dois tínhamos uma paixão por Cheap Trick, Slade, The Dolls, o velho KISS, e Alice Cooper, especialmente Love it to Death.

E foi por causa Lizzie que eu entrei na minha primeira banda em Hollywood. Lizzie foi convidado por um grande, intimidador idiota chamado Blackie Lawless para tocar em um grupo chamado Sister, que tinha um alucinado e furioso guitarrista, Chris Holmes. Eu conheci Blackie no Rainbow Bar and Grill: ele estava parado no meio do bar, alto com cabelo comprido preto, calça de couro preta, e maquiagem de olho preta, e emitia um tipo de poder bad-boy magnético que logo poderia ter dúzias de garotas coladas do seu lado. De algum modo Lizzie conversou com Blackie sobre eu tocar baixo na Sister, contornando uma banda feia demais e ameaçada. Nós ensaiávamos na Gower Street em Hollywood, onde a Dogs ensaiava.

Blackie era um bom compositor e, apesar do fato que ele era frio e calado, ele era inspirador para falar porque ele dava uma impressão não só com música, mas como aparência. Ele curtia comer vermes e desenhar pentagramas no palco – tudo para ter reação do público. Nós gravamos músicas como “Mr.Cool” no estúdio, então sentávamos por aí e conversávamos sobre como nós iríamos parecer no palco ou o que ele estava tentando expressar com suas músicas por horas. Mas Blackie entrou na classe das pessoas, como eu, que viam a vida como uma guerra – e ele sempre tinha que ser o general. O resto de nós era supostos a ser bons soldados e nada mais. Então Blackie e eu logo começamos a dar cabeçadas, de novo e de novo até nós estivermos machucados e sangrando e, como general da banda, ele não tinha escolha a não ser me despedir pelos meus serviços. Ele logo chutou Lizzie como bem, e dois de nós decidimos formar nosso próprio grupo.


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