9 de abr. de 2010

(continuação 5) Capítulo 1 - Nikki

Quando eu pude, eu fui pra escola. Era uma boa maneira de fazer dinheiro. Entre as aulas eu enrolava baseado e cobrava cinqüenta centavos por dois. Depois de dois meses de bons negócios, o diretor estava andando próximo a mim e me pegou com uma bolsa de erva em meu colo. Aquele foi meu ultimo dia na escola. Eu estive em sete escolas em onze anos e de qualquer maneira eu estava de saco cheio. Depois que eu fui expulso, eu passei meus dias debaixo da ponte da 22nd Street, onde todos os outros esquecidos e abandonados matavam tempo. Eu estava indo para lugar nenhum.

Eu arrumei um trabalho na Victoria Station lavando louça e aluguei um apartamento de um quarto com sete amigos que também tinham caído fora da escola. Eu roubei outro baixo e, por comida, eu esperava perto da lata de lixo do lado de fora da Victoria Station até os motoristas de ônibus jogarem fora os retos de carne. Eu estava crescendo deprimido rapidamente: apenas um ano atrás eu estava pronto para dominar o mundo, e agora minha vida estava indo por água abaixo. Quando eu corri para meus velhos amigos, como Rick Van Zant ou Rob Hemphill ou Horsehead, eu me senti alienado, como eu tivesse saído de uma sarjeta e estava deixando-os imundos.

Eu não sentia vontade de ir trabalhar, então eu larguei. Quando eu não pude mais pagar o aluguel mais, eu me mudei com duas prostitutas que sentiam pena de mim. Eu vivia no closet delas, com posters da Aerosmith Get Your Wings e Deep Purple Come Taste the Band presos na parede para parecer como se fosse minha casa. Eu não tinha nada para mim. Um dia, eu fui para casa para o meu closet e minhas mães-protitutas tinham ido embora. O dono tinha as mandado embora, então eu voltei para o carro de Van Zant. O inverno estava chegando, e a noite estava congelando.

Para conseguir dinheiro, eu comecei a vender chocolate coberto de mescalina fora de shows. Em um show do Rolling Stones no Seattle Coliseum, um garoto sardento chegou até mim e disse, “Eu trocarei um baseado por um pouco de mescalina.” Eu concordei porque a mescalina estava barata, mas logo que eu concordei, dois policiais saíram de um carro próximo e me algemaram. O garoto era um guarda pertencente à unidade de combate de entorpecentes. Ele e os policiais me arrastam, chutaram e xingaram, debaixo do Seattle Coliseum.

Por alguma razão, de qualquer maneira, eles não me registraram. Eles pegaram minhas informações, me ameaçaram de me deixar preso por um mandado mínimo de dez anos, e eles me soltaram. Eles disseram que se me vissem de novo, mesmo que eu não tivesse fazendo nada de errado, eles me colocariam atrás das grades. Eu senti que minha vida estava explodindo: eu não tinha lugar pra morar, ninguém para confiar, e depois de tudo isso, eu nunca tinha tocado em uma banda. Na verdade, como um músico, eu era uma droga. Apenas umas semanas antes, eu tinha vendido meu único baixo por dinheiro para comprar drogas para vender.

Então eu fiz a única coisa que um punk que levou uma pedra do traseiro podia fazer: eu liguei pra casa.

“Eu tenho que deixar Seattle,” eu implorei para minha mãe. “E eu preciso da sua ajuda.”

“Por que eu deveria te ajudar?” ela perguntou fria.

“Eu só quero ir ver minha avó e meu avô,” eu implorei.

No outro dia, minha mãe veio para me colocar em um ônibus Greyhound. Ela realmente não queria me ver de novo, mas ela não confiou em mim com o dinheiro. Ela também queria me lembrar de que ela era uma santa sofrida por me ajudar e eu era um idiota egoísta. Mas a única coisa que eu podia pensar era “Boom! Eu estou fora daqui e nunca mais vou voltar”

Tudo o que eu tinha de música no caminho da viagem era uma fita do Aerosmith, uma fita do Lynyrd Skynyrd, e uma caixa barulhenta estragada. Eu ouvi essas fitas repetidamente até eu chegar a Jerome. Eu sai do ônibus com uma bota de plataforma de seis polegadas, um terno de lã cinza com duas fileiras de botões, um corte de cabelo felpudo e com unhas feitas. O rosto da minha avó ficou branco.

Longe de Seattle e da minha mãe, eu não causava nenhuma preocupação. Eu trabalhei na fazenda, movendo tubos de irrigação, até o final do verão. Eu guardei o dinheiro que eu consegui e comprei uma guitarra – uma Gibson Les Paul falsa que eles estavam vendendo em uma loja de armas por $109.

Meu tio exageradamente detalhista visitou a fazenda um par de vezes com sua nova esposa, uma prestadora de contas em Los Angeles chamada Don Zimmerman. Ele era o presidente da Capitol Records, casa dos Beatles e da Sweet, e ele começou me enviar cassetes e revistas de rock. Um dia, depois de receber seu último pacote, minha ficha caiu: eu estava aqui ouvindo Peter Fampton na porra de Idaho, enquanto em Los Angeles a Runaways e Kim Fowley e Rodney Bingenheimer e os caras da revista Creem estavam tocando nos mais modernos clubes de rock imagináveis. Toda essa merda estava caindo sobre mim e eu estava perdendo isso.


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