16 de abr. de 2010

(continuação 3) Capítulo 3 - Nikki

Naquela época, e eu estava acabado. Eu fui demitido da loja de licor e da fábrica por matar serviço para ensaiar. Eu achei um emprego na Wherehouse Music na Sunset and Western, onde eu saía como se eu pudesse fazer isso. Quando eu tava sem grana, eu doava sangue em uma clínica na Sunset para pagar as contas. Uma manhã enquanto eu estava pegando o ônibus para Wherehouse Music, eu conheci uma garota chamada Angie Saxon. Em geral, eu não tinha interesse em mulheres a não ser em um momento ou dois de prazer que elas podiam me fornecer: ela era uma cantora, e nós podíamos falar sobre música.

A não ser por Angie e Lizzie, eu não tinha amigos que nas últimas semanas eu pudesse confiar. Porque eu era sempre faminto e drogado, eu geralmente me sentia como se eu não tivesse um corpo, como se eu fosse apenas um monte de vibração


de nervos. Um dia, quando eu estava me sentindo particularmente quebrado e ansioso. Eu decidi procurar meu pai. Eu me convenci que eu iria ligar para ele porque eu precisava de dinheiro – dinheiro que ele me devia por todos os anos que ele me abandonou – mas olhando pra trás eu penso que eu queria me sentir conectado com alguém, conversar com ele e talvez, nesse procedimento, aprender alguma coisa sobre o que me deixa tão louco. Eu liguei para minha avó, depois pra minha mãe, e eles me disseram que por último ele estava trabalhando em San Jose, Califórnia. Eu liguei para informações, e perguntei por Frank Ferrana, e o achei. Eu anotei o número perto do telefone, e engoli um resto de whisky para ter coragem e discar.

Ele atendeu no primeiro toque, e quando eu disse pra ele que era eu, sua voz ficou grave. “Eu não tenho um filho,” ele me disse. “Eu não tenho um filho. Eu não sei quem você é.”

“Vai se foder,” eu berrei no fone.

“Nunca mais ligue aqui de novo,” ele gritou de volta e desligou.

Essa foi a última vez que eu ouvi sua voz.

Eu chorei por horas, arrancando discos de suas capas e as lançando contra a parede, vendo elas se estraçalharem em pedaços. Eu agarrei os pedaços de vinil e os raspei pra cima e pra baixo nos meus braços, fazendo riscas de carne vermelha levantada por borbulhas de sangue. Embora eu não pensasse que eu conseguiria dormir a noite, eu de alguma forma dormi, acordando de manhã estranhamente calmo com a decisão de mudar meu nome de nascimento. Eu não queria ser o xará desse cara resto da minha vida. O que exatamente ele disse eu não era seu filho apesar dele nunca ter sido um pai para mim? Primeiro, eu matei Frank Ferrana Jr. Em uma música, “On with the show,” escrevendo, “Frankie died Just the other night / Some say it was suicide / But we all know / How the story goes.” (Frankie morreu na noite passada / alguns dizem que foi suicídio / mas todos nós sabemos / como a história ocorreu). Então eu fiz isso ser legal.

Eu lembro que Annie sempre falava sobre seu antigo namorado de Indiana, um cara chamado Nikki Syxx, que costumava tocar em uma banda Top 40 cover e mais tarde com um punk-surfista equipado chamado John and the Nightriders. Eu amei esse nome, mas eu não podia roubá-lo. Então eu decidi me chamar de Nikki Nine. Mas todo mundo disse que era muito punk, e punk era muito predominante. Eu precisava de algo que era mais rock and roll, e Six era rock and roll. Então eu decidi que qualquer um que pensava que surfista tinha tudo a ver com punk rock não merecia um nome tão legal, e eu logo me dediquei a ter meu nome legalmente mudado para Nikki Sixx. Isso era como ter roubado sua alma, porque por anos pessoas chegavam a mim e falavam “Nikki, cara, se lembra de mim de Indiana?” eu dizia para elas que nunca estive lá, e elas diziam, “Vamos lá, cara, eu vi você com John and the Nightriders.”

Anos depois, na tour de Girls, Girls, Girls, eu estava mudando de canal em um quarto de hotel e vi um estranho, pálido com cabelo longo sendo

fig.8

London, da esqueda pra direita, John St. John,

Dane Rage, Nigel Benjamin, Nikki Sixx, Lizzir Grey


entrevistado. Eu ouvi as palavras “Ele é o demônio” e parei de assistir. Era ele, endoidado e fora do normal: “ele pegou meu nome e absorveu minha alma e vendeu isso para vocês todos – eu era o original Nikki Syxx. E ele esta usando meu nome para acobertar a palavra do demônio”. Nikki Syxx – ou John como ele era chamado agora, apropriadamente o bastante desde que John era o santo no Novo Testamento que dizia que da apocalipse – se tornaria um Cristo ressuscitado.

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