7 de abr. de 2010

(continuação 3) Capítulo 1 - Nikki

O futebol fez com que eu ganhasse respeito, e com futebol e respeito vieram as garotas. Elas começaram a me notar e eu comecei a notá-las. Mas quando eu estava finalmente achando um lugar, meus avós se mudaram – para Jerome, Idaho – e eu tive que começar tudo de novo. Mas dessa vez, foi diferente: graças ao Jommy Dean eu tinha a música. Eu ouvia a rádio dez horas por dia: Deep Purple, Bachman-Turner Overdrive, Pink Floyd. Enfim, a primeira fita que eu comprei foi de Nilsson Schmilsson, por Harry Nilsson. Eu não tive escolha.

Um dos meus primeiros amigos, um caipira chamado Pete, tinha uma irmã que tinha um bronzeado, loira gostosa. Ela andava por aí com um short curto jeans que me dava convulsões de desejo e pânico. Suas pernas eram arcos dourados, e toda noite na cama tudo que eu conseguia pensar era como eu me encaixaria bem entre elas. Eu comecei segui-la como um palhaço, tropeçando nos meus próprios sapatos. Ela passou em uma farmácia, loja de refrigerante e numa loja de discos, quando eu finalmente tinha economizado dinheiro para comprar a fita Fireball do Deep Purple, ela sorriu para mim com seus dentes enormes e brancos e de repente eu me encontrei comprando a fita do Nilsson Schmilsson porque ela tinha falado disso.

Foi em Jerome que comecei a cair e que me levou para o Alcoólicos Anônimos anos mais tarde, onde, coincidentemente, eu me encontrei e me tornei amigo de Harry Nilsson. (Em fato, em um ilusório estado de sobriedade, nós atualmente falamos de colaborar em um álbum.) Jerome tem uma a taxa mais alta de alcoolismo per capita de qualquer cidade dos Estados Unidos, o que é impressionante para uma cidade com três mil habitantes.

Eu também fiz amigos como um cara imbecil chamado Allan Week, nós matávamos tempo na casa dele, ouvindo Black Sabbath e Bread e olhando para o anuário da nossa escola, falando com qual garota nós queríamos sair. Claro, quando isso acontecia, éramos patéticos. Nas danças do ensino médio nós ficávamos de fora, ouvindo a música pela porta e nos sentindo incomodados quando as garotas passavam pela gente porque nós estávamos super assustados para dançar com elas.

Naquela primavera, nós ficamos sabendo que uma banda local estava vindo para tocar na nossa escola e compramos ingressos. O baixista tinha um cabelo afro gigante, como Jimi Hendrix, e o guitarrista tinha um cabelo longo e um bigode, como Hell’s Angel. Eles pareciam legais: eles usavam instrumentos de verdade, eles tinham grandes amplificadores, e eles manteram trezentas crianças encantadas em um ginásio em Jerome. Essa foi a primeira vez que eu vi um show ao vivo, e fiquei pasmo (embora eles provavelmente estivessem odiando quem os reservou em uma merda de uma escola do ensino médio). Eu não me lembro como eles se chamavam, o que eles tocavam, ou se eles tocavam músicas próprias ou covers. Tudo que eu sabia era que eles pareciam deuses.

Eu era tão tolo que nunca tive uma chance com a irmã de Pete, então eu me estabeleci com Sarah Huper: uma gorda, sardenta de óculos, sem shorts curtos, e pernas que pareciam mais semicírculos pálidos do que arcos de ouro. Sarah e eu dávamos as mãos e passeávamos pelo centro de Jerome, que era aproximadamente um bairro de uma cidade. Depois ficávamos olhando os mesmos discos várias vezes. Às vezes, para impressioná-la, eu saia com um álbum dos Beatles escondido debaixo da minha camiseta e nós ouvíamos na perfeita casa onde seus pais Quaker moravam.

Uma noite, eu estava deitado no tapete verde abacate dos meus avós quando seu telefone Bakelite, que era usado raramente e ficava pendurado na parede sem cadeira ou mesa em volta dele, tocou. “Eu quero te dar um presente” a voz do outro lado – Sarah – disse.

“Bem, o que é?” eu disse.

“Eu irei te dar as iniciais,” ela sussurrou no receptor. “B.J.”

E eu respondi, “O que é isso?”

“Estou cuidando das crianças. Apenas venha aqui.”

Enquanto andava pra encontrá-la, eu pensava nas possibilidades – uma fita do Billy Joel, um manequim do pequeno Jesus, um baseado enorme? Quando eu cheguei lá, ela estava vestindo uma lingerie vermelha imprópria que era da dona da casa.

“Você quer entrar no quarto?” Ela perguntou, apoiando o cotovelo dela na parede e colocando sua mão em sua cabeça.

“Por quê?” eu perguntei como um idiota.

Então, enquanto as crianças brincavam no quarto ao lado, eu fiz sexo pela primeira vez e descobri que isso era como uma masturbação, mas dava muito mais trabalho.

Sarah, entretanto, não me deixou sair dessa facilmente. Ela queria toda hora: enquanto os pais dela faziam cookies para nós na casa dela, eu metia na filha deles no outro quarto. Enquanto seus pais estavam na igreja, Sarah e eu saíamos com o carro. Era uma coisa que todo cara tem que enfrentar pelo menos uma vez na vida: eu estava metendo na menina mais feia da cidade. Por que não pulamos para a próxima parte?

Então eu larguei de Sarah Hopper e, enquanto eu estava com ela, abandonei Allan Weeks, também. E nunca dei uma merda pra saber como eles se sentiam porque foi a primeira vez que eu tive coragem para acreditar que eu poderia levantar do fundo do poço. Ao invés disso, eu comecei a sair com o pessoal com classe, como um cara que ganhava trezentas libras chamado Bubba Smith. Eu tinha que transar, e usar drogas e beber álcool, que eu pensava que me deixava com um quadril bonito – especialmente sob a luz negra que eu logo comprei para por no meu quarto. E, como qualquer pessoa com um adolescente em casa sabe, quando se tem luz negra no quarto, não pertence mais a eles. Ele pertence aos amigos. Adeus chocolate, chips, cookies e Beatles, olá erva e Iron Maiden.

Eu ainda estava longe dos garotos mais legais em Jerome. Eles tinham carros, e nós tínhamos bicicletas, da qual usávamos para ir andar pelo parque e aterrorizar casais. Eu chegava em casa tarde, acendia um baseado e assistia Don Kirshner’s Rock Concert. E se meus avós tentassem de alguma maneira me constrangir ou me criticar, eu enlouquecia. Eu era demais para eles darem conta de mim noite pós noite. Então eles me mandaram embora para morar com a minha mãe, que migrou com minha meia irmã, Ceci, para a Queen Ann Hill de Seattle. Onde elas viviam com seu novo marido, Ramone, um grande, bondoso mexicano com um cabelo preto baixo e liso na parte de trás.

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