21 de abr. de 2010

Capítulo 4 - Mick

Capítulo 4

Mick


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Uma valiosa lição moral é aprendida a respeito do julgamento que as pessoas fazem a partir de fatores de aparência incluindo, mas não somente o peso e acnes na forma de frango frito.

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Eu tinha dúvidas sobre um monte de coisas e formava minhas próprias opiniões. Eles são apenas como válidos cientistas de foguete ou alguma coisa a mais. Quem diz que você tem que acreditar em alguma coisa porque você leu isso em um livro ou viu figuras? Quem é esse que diz, “Esse é o jeito que isso é”? Quando todo mundo acredita na mesma coisa, eles se tornam robotizados. Pessoas têm um cérebro: eles podem compreender coisas por eles mesmos, do mesmo jeito que os óvnis voam.

Quando eu estava no primário nos anos 50, na altura da Guerra Fria, nós tínhamos ensinamentos sobre como se proteger (*chamado duck and cover). Eles nos falavam que se a bomba de hidrogênio explodisse, tudo que nós tínhamos que fazer era entrar debaixo de nossas mesas e colocar nossas mãos sobre nossas cabeças. Hoje isso parece ridículo, mas isso fazia um perfeito sentido naquela época para as supostas pessoas inteligentes e informadas que nós chamamos de professores. Eu lembro de escrever em grandes letras no meu caderno as palavras duck and cover, com aspas em volta delas e um enorme ponto de interrogação. Que piada. Essa pequena tartaruga era uma merda.

Eu costumava guardar pilhas de cadernos e folhas de papel com coisas que eu escrevia desde que eu era criança. Ao longo do tempo, muitas coisas que eu escrevia se tornaram realidade. Em 1976, quando minha banda Top 40 White Horse estava nas suas últimas etapas e pronta para ser lançada, nós estávamos ensaiando na sala de estar da casa que nós todos morávamos quando o baixista andou e disse “Bom, isso certamente é uma mistura que está parecendo um grupo (motley-looking crew).” Depois do ensaio, eu subi para o meu quarto e escrevi essas palavras no meu notebook – Motley Crew, e sob isso, em grandes letras, Mottley Cru – e disse pra mim mesmo que eu teria uma banda chamada Mottley Cru. Eu queria White Horse, que era atualmente uma boa banda, para começar tocar originais e se tornar Mottley Cru. “Por que não tentar originais? Nós estamos famintos de qualquer jeito,” eu disse pra eles. Eles responderam fazendo uma votação para me colocar fora da banda. Então, eu fui embora com tudo: o assistente de publicidade, as luzes, a van.

Eu coloquei um anúncio nos classificados do The Recycler, que tava escrito: “Guitarrista extraterrestre disponível para qualquer outro alienígena que quer dominar o mundo.” Eu estava me chamando Zorky Charlemange nessa época, então eu usei esse nome no papel e recebi algumas ligações realmente bizarras, mas de ninguém que parecia ser sábio. Eu acabei em uma banda Top 40 chamada Vendetta, que me deu dinheiro suficiente para comprar um Marshall e uma Les Paul. Eu comprei outro Marshall e outra Les Paul quando eu retornei de uma turnê do Alaska, e coloquei outro anúncio no The Recycler. Normalmente as pessoas iriam escrever um anúncio que começava com ‘um’, como “um honrado guitarrista procurando uma banda, ’’ assim mesmo eles podiam estar no topo da escuta. Eu não ligava, porque eu sabia que meu anúncio dispararia não importava onde ele estivesse. Tava escrito: “Guitarrista barulhento, rude e agressivo disponível.”

Um garoto com um bigode de Hitler de Sparks respondeu. Mas eu disse que eu não gostava de sua música e eu estaria desperdiçando seu tempo e o meu se eu experimentasse por ele. Eu pensei que ele tinha me respeitado por isso. Alguma banda cafona na Redondo Beach que passou a ser Poison ou Warrant ou algum outro nome que arruinava os anos 80 me chamou porque tinham me visto tocar no Píer 52. Eu não os retornei. Para citar Andy Warhol, “Todo mundo tem 15 minutos de fama.” Para me citar, “Eu gostaria que eles não tivessem.”

Eu acho que o Nikki finalmente achou o anúncio e ligou. Nós conversamos por um pequeno tempo e combinamos um dia para nos encontrar. Eu amontoei minha guitarra e o Marshall em um minúsculo Mazda que pertenceu ao meu amigo Stick e dirigi para o norte de Hollywood. Nikki e eu dissemos oi como dois estranhos: nenhum de nós nos lembrávamos de termos nos visto antes. Ele tinha mudado seu nome e seu cabelo estava super armado, preto, e caindo sobre seu rosto; eu não teria sido capaz de reconhecê-lo se ele fosse meu próprio pai. Isso levou outra semana ou duas antes dele perguntar, “Hey, não era você aquele cara estranho que foi na loja de licor um dia e...” eu não podia acreditar: ele realmente cresceu por dentro.

Nikki disse que ele tinha deixado sua banda antiga, London, porque tinha muitas pessoas tentando levar a banda para várias direções diferentes. Agora ele estava tentando juntar seu próprio projeto e realizar sua própria visão. Eu fingi que concordei, mas eu sabia que ele era jovem e ingênuo musicalmente, e eu podia influenciá-lo para evoluir do meu jeito. Nesse ensaio, nós tocamos um pouco das músicas que o Nikki tinha escrito – “Stick to your Guns,” “Toast of the Town,” “Public Enemy #1.” Eles tinham um mariquinha, cujo nome eu não irei mencionar, tocando guitarra. A primeira coisa que eu fiz quando eu fiquei sabendo foi dizer, “Ele não irá fazer isso.” Então eles me disseram que se eu o quisesse fora, eu teria que dizer pra ele. Esse foi o primeiro dia e eles já me mandaram fazer o serviço sujo.

Também tinha um pequeno garoto esquelético lá, com um enorme crescimento em seu queixo que parecia um Chicken McNugget. Ele disse que ele tinha sido empurrado ou caiu dos degraus na Gazzari’s na noite anterior e rebentou seu lábio. Eu não sei o que era aquilo, mas parecia um segundo queixo permanente. O garoto disse que tocava bateria, embora ele parecesse novo demais e esquelético para ser bom. Mas quando ele começou tocar, ele não era covarde. Ele batia forte. Seu nome era Tommy.

E, pensando sobre isso, não foi Nikki que achou o anúncio no The Recycler. Foi Tommy. Ele ligou. Ele deixou a mensagem. Ele fez isso acontecer. E cara, ele podia tocar.


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