26 de abr. de 2010

(continuação 2) Capítulo 1 - Tommy

Pessoas dizem que você não pode adivinhar seu futuro, que ninguém sabe o que a vida planeja para eles. Mas eu sei que isso é mentira. Não são apenas as tatuagens que viraram realidade para mim. É mais do que isso. Eu adivinhei meu futuro quando eu tinha três anos, e com um esforço infantil para fazer os mais altos e melhores barulhos, arrumei panelas e vasos no chão da cozinha e batia neles com colheres e facas. Meu amigo Gerald disse para mim que eu sabia dentro da alma o que eu queria. E no dia que eu comecei essa bagunça na cozinha da minha mãe foi o dia que eu mostrei isso. Mas eu não sabia isso naquela época. Eu era estúpido.

Quando o leiteiro veio tocando um acordeão, eu decidi que eu queria aprender squeezebox. Então eu abandonei a pequena bateria que meus pais tinham comprado para mim em troca de eu tirar todas as louças limpas deles do chão, e comecei a ter aulas de acordeão com a minha irmã. Quando um professor de dança passava pra incrementar as aulas, minha irmã e eu ficávamos super agitados e entramos num grupo de balé, que era bom porque eu podia dançar com garotas. Eu não ligava pra jogar basquete em um parque com outros garotos: eu apenas queria agarrar garotas.

Depois de dançar, eu fiquei animado com piano, mas isso acabou rápido por ser a porra de uma repetição, tocar escalas várias e várias vezes até eu querer matar pessoas, começando com o meu professor de piano. Daí, eu vi uma guitarra em uma loja de penhores e eu desenvolvi uma obsessão por guitarra. Meu acordeão era um elétrico Da Vince, e eu aumentava o volume até a distorção ficar suja e tocava “Smoke on the water” até minha mãe ficar louca e comprar aquela guitarra penhorada. Eu toquei até meu amplificador do acordeão ficar o mais alto possível, com as janelas abertas para que todo mundo no bairro soubesse que eu tinha a porra de uma guitarra. Eu poderia ter colocado tudo isso no quintal e tocar, então todos poderiam me ver. Eu não sei o porquê eu queria que as pessoas me notassem. Eu continuo deste jeito: eu faço as coisas porque eu amo, mas eu também quero reconhecimento. Isso me trouxe muita felicidade e me colocou em muitos problemas.

Felizmente, nenhum Testemunha de Jeová passou pela minha casa quando eu era criança, porque eu provavelmente estaria vendendo bíblias hoje. Ao invés disso, após observar caras no ensino médio em uma banda marchante batendo tambores em um jogo de futebol, eu voltei para a bateria que eu nunca deveria ter abandonado em primeiro lugar. Meu pai comprou para mim meu primeiro tambor profissional de Natal. Esse não era uma caixa de papelão, cara, nenhuma merda de latão ou uma panela. E se meu pai não tivesse feito eu sentar lá e ter feito minhas escalas no piano e aprendido sobre barras, batidas e medidas, eu nunca teria escolhido bateria tão rápido quanto eu escolhi.

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