14 de mai. de 2010

(continuação) Capítulo 3 - Vince

Naquela época eu tava trabalhando como eletricista, construindo um McDonald’s na Baldwin Park. Pra garantir meu trabalho, eu comecei sair com a filha do chefe, Leah, uma loira alta, um pouco atraente e bissexual, que de qualquer forma pensava que era parecida com a Rene Russo. Ela mostrava fotos dela para as pessoas e dizia que eram fotos dela, e eu acreditava. Leah (que depois a banda a nomeou de Lovey) era uma rica drogada suja, e me comprou minha primeira calça de couro para usar no palco. Eu comecei a morar com ela e dirigir seu 280Z. Mas ela me deixava louco. E eu estava preso nela – não só por causa do dinheiro, o carro, a casa, e o trabalho, mas porque ela tinha me ensinado como injetar cocaína e eu estava viciado. Nós sentávamos no chão do banheiro e injetávamos um no outro até seus pais irem comer ou dormir no hall de entrada.

Uma manhã, depois de um porre de quatro dias sem dormir, meu corpo começou querer parar. Eram 7 horas da manhã e eu tinha que ir trabalhar. Eu vomitei tudo pelo carro enquanto descia o morro – eu não conseguia manter nada pra baixo, no trabalho no McDonald’s, eu comecei a ouvir vozes, ver pessoas que não estavam lá, e conversava com elas. A cada minuto, um cachorro imaginário passava por lá, e eu olhava de longe, tentando saber onde que ele tinha ido.

Eu fui pra casa depois do trabalho naquela noite e dormi mais ou menos durante vinte horas. Eu acordei, injetei, e Tommy apareceu. Ele tinha uma fita de músicas pra eu aprender a cantar. Eu as escutei, e tentei mantê-las longe do vomito ou risada. Não tinha lógica, eu tava indo tocar com aquela banda chata, se você pudesse chamá-los de banda. Eles não tinham nem um nome.

Então eu não fui ao ensaio e, quando Tommy me ligou para saber o que tinha acontecido, disse que eu tinha lavado sem querer a calça jeans que eu tinha guardado o número deles. E ele acreditou em mim. Eu nunca tinha lavado minhas roupas, eu nunca vesti jeans, e, além disso, eu sabia exatamente onde Tommy morava. Eu poderia ter passado lá se eu quisesse falar com ele. Uns dias depois, eu ouvi falar que eles tinham achado um vocalista e eu fiquei feliz por eles. Isso significava que eu não tinha mais que me esconder do Tommy quando visse ele na vizinhança.

Na outra semana, a Rock Candy iria fazer um show numa festa caseira em Hollywood. Eu apareci com um uniforme branco de cetim, mas nosso guitarrista e nosso baixista nunca apareceram. Eu fiquei lá como um idiota bem vestido pra caralho, junto com o nosso baterista, enquanto a casa cheia de pessoas que gritaram por música durante duas horas diretas. Eu tava nervoso pra caralho. Quando eu liguei para o guitarrista naquela noite, ele disse que não queria mais tocar rock n’ roll: ele tinha cortado seu cabelo loiro comprido, comprado um monte de gravatas feias, e decidiu que Rock Candy ia ser uma banda de new wave.

No outro dia, Tommy resolveu me ligar, e disse que o vocalista deles não estava dando certo. Ele teve sorte. Ele me pegou quando eu estava fraco.


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