7 de mai. de 2010

(continuação 3) Capítulo 2 - Tommy

Uns dias depois eu levei minha bateria para o Nikki, e nós começamos a tocar, apenas baixo e bateria, no cômodo fodido da frente da sua casa. O cômodo servia como cozinha, sala de estar, sala de jantar, lugar pra ensaiar, e escritório, com um closet que Nikki usava como quatro. A cada minuto durante o ensaio, Nikki pegava o telefone, discava um número e tentava vender lâmpadas para alguém. Esse era o seu trabalho.

A madeira nas paredes da casa estavam apodrecidas e quebrando, e insetos podiam se rastejar e atacar qualquer coisa que deixássemos de lado. Se você fizesse um sanduíche, você tinha que deixar em mãos o tempo todo, senão, alguma tribo de insetos poderia devorá-lo. Eu tava louco pra ter uma banda com Greg Leon, mas o idiota do Nikki o mandou embora. Greg era um bom guitarrista do meio – mas ele era um cara muito regulador, e Nikki não gostava disso. Ele dizia que Greg não tinha o tipo que o New York Dolls ou os Stooges tinham. Ele queria todo mundo parecendo e pensando como ele.

Nós achamos um guitarrista substituto, Robin, através de um anúncio no The Recycler. Robin era muito talentoso, mas ele era um veado e todo mundo sabia disso. Ele prendia sua camiseta dentro da calça, lavava as mãos depois de tocar guitarra, cansava fazendo escalas, e, em geral, agia como se ele tivesse ido para o colégio em uma formatura. Tudo que conseguimos com ele foi um cabelo legal.

Nós continuamos procurando no The Recycler, esperando achar um segundo guitarrista que fosse um filho da puta louco o suficiente para compensar Robin. Um dia eu achei o seguinte anúncio: “Guitarrista barulhento, rude e agressivo disponível.” Eu liguei e deixei meu número para o cara, e uma semana depois tinha um tímido bater na porta da frente do Nikki.

Nós abrimos a porta, e tinha um pequeno ogro parado lá fora com um cabelo preto pra baixo da bunda e uns sapatos de plataforma altíssimos com praticamente um rolo de fita envolta deles para deixá-los juntos. Ele parecia um pobre, dolorosamente tímido, um jeito estranho que parecia o Primo Itt. Eu tava rindo demais, eu chamei o Nikki, “Venha aqui! Você tem que ver esse cara!” Quando Nikki e ele estavam parados cara a cara, parecia o encontro da Família Adams com o Scooby Doo. Nikki me puxou de lado, animado. “Não posso acreditar!” ele disse. “Ele é igual a gente!”

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