25 de mai. de 2010

(continuação 5) Capítulo 3 - Vince

Um dos shows que Coffman conseguiu pra gente foi em um lugar chamado Tommyknocker, que tinha uma grande placa do lado de fora dizendo: “Noite de fantasia de Hollywood.” Nós entramos e vimos uma dúzia de cowboys com suas namoradas algemadas a eles. Todo mundo estava confuso: eles achavam que eles pareciam Hollywood e não tinham idéia de que planeta tínhamos vindo; nós pensávamos que parecíamos Hollywood e não tínhamos idéia de que planeta eles tinham vindo.

Nós tocamos “Stick to Your Guns” e “Live Wire,”, mas eles apenas nos encaravam, ainda confusos. Então nós decidimos falar a linguagem deles e tocar “Jailhouse Rock” e “Hound Dog,” que os deixaram loucos. Nós tocamos “Hound Dog” cinco vezes nessa noite, daí escapamos pela porta dos fundos antes de sermos mortos.

Naquela noite, alguém nos disse sobre uma festa na cidade. Nós fomos lá e estava


fig.7

fig.8


cheia de garotas gostosas que nós nunca tínhamos visto antes. Depois de quinze minutos, Tommy me deu um cutucão e disse, “Essas não são garotas, cara.” Nós olhamos em volta e percebemos que estávamos rodeados de estranhos caipiras Drag Queens, que provavelmente estavam vestindo as roupas de suas esposas e namoradas. Eu perguntei para uma loira gigante perto de mim se ela tinha um pouco de cocaína, e ela me vendeu um saco por vinte dólares. Eu fui para o banheiro para cheirar e quase me matei. Era talco, e eu fiquei nervoso.

Quando a Drag Queen não quis devolver meu dinheiro, eu puxei sua peruca, o girei em círculos e bati na cara dele. Sangue vazava pelo seu batom, gotejando pelo seu queixo. De repente, uma dúzia de caipiras travestis começou bater em nós, se debatendo e nos chutando com seus saltos altos antes de nos jogarem na rua, uma despedaçada e sangrenta massa de lixo de Hollywood.

No outro dia, Coffman arranjou nossa primeira entrevista numa rádio. Nós aparecemos no estúdio com a boca inchada, machucados, e olhos roxos. E nós estávamos assustados pra caralho: nós nunca tínhamos feito uma entrevista numa rádio antes. Eles nos perguntaram de onde nós viemos, e nós olhamos um pro outro, chocados. Daí, Mick disse Marte.

Depois de vários pesadelos que Coffman chamava de treinamento, nós voltamos para Los Angeles, fazendo shows e colocando pôsteres em todos os postes telefônicos que nós víamos. Eles me deixaram com a Lovey, e em minutos eu estava na banheira injetando com ela enquanto ela tagarelava sobre como Allan Coffman ia nos vestir e como nós deveríamos deixá-la nos ajudar com o dinheiro do seu pai. Ela estava me fazendo perder a cabeça, especialmente a partir de quando eu comecei dormir com uma garota muito mais legal, fofa, e surfista que morava descendo a rua. Lovey e eu acabamos festejando até o amanhecer na casa de um cara que era herdeiro da U.S. Steel, mas estava morando em uma casa de um quarto nojento porque sua família tinha se desfeito dele.

Na próxima noite, eu continuei injetando com a Lovey quando cai na real que eu tinha um show no Country Club em dez minutos e eu estava preso. Eu não tinha carro ou qualquer outra forma de descer a colina que ela morava. Eu corri para fora e desci até eu achar arranjar uma carona. Eu cheguei ao clube quarenta e cinco minutos atrasado, ainda usando um roupão de banho. Os caras estavam estranhando. Eles estavam bravos que eu estava usando agulhas e aparecendo nos shows vestido como um velho. Eles me disseram que se eu injetasse mais uma vez, eu estaria fora da banda. Eles estavam tão nervosos e confiantes que era difícil morder minha língua alguns anos depois, quando Nikki e Tommy estavam usando agulhas.

A partir daquela noite, eu tava decidido fugir da Lovey. Eu estava preso na Gilligan’s Island, dependendo do dinheiro dela ou do carro dela se eu quisesse ir pra algum lugar – e sua droga se eu não tivesse. Algumas manhãs depois, enquanto Lovey estava dormindo, Tommy foi para a casa. Eu fiz uma trouxa com as minhas roupas com um lençol e coloquei na parte de trás do seu veículo. Eu não deixei um bilhete ou me preocupei em ligar pra ela depois. Ela passava no Tommy todos os dias depois disso, pensando que eu estaria lá. Mas eu consegui evitá-la por três dias. Daí, quando estávamos nos preparando para um show no Roxy, eu a vi sendo empurrada no meio do público e os seguranças falando pra ela ir embora.

Um pouco depois desse mês, eu me mudei para um apartamento de dois quartos na Clark Street (apenas cinqüenta passos do Whisky A Go-go), que Coffman tinha comprado pra manter Nikki, Tommy, e eu juntos perto dos clubes. Eu não vi Lovey de novo até quinze anos depois, no Roxy, quando eu estava fazendo um show solo. Depois do show, mais ou menos meia noite, ela foi ao backstage, carregando uma garotinha atrás dela que ela disse que era sua filha.

Apenas alguns meses depois, eu a vi nos jornais: Ela tinha sido pega sessenta vezes mexendo com tráfico de drogas. Eu às vezes me preocupo com a filha dela, e eu espero que ela não seja minha.


fig.9

Nenhum comentário:

Postar um comentário