24 de mai. de 2010

(continuação 4) Capítulo 3 - Vince

Um dos nossos grandes fãs era David Lee Roth. Um ano antes, quando Van Halen tocou na arena de Long Beach, eu estava no estacionamento contrabandeando camisetas do show. Agora, Roth estava expondo minha banda. Embora a gente soubesse que não era porque ele amava a música, mas porque ele gostava de pegar as garotas que iam nos ver, nós éramos elogiados. Nós éramos uma banda sem registro, coisa alguma: ele era um rockstar.

Depois do nosso primeiro show no Troubadour, David veio até mim, “Vince,” ele disse.

“Você sabe alguma coisa sobre música?”

“Sim, você faz shows e toca músicas,” eu respondi.

“Não,” ele disse. “Não é isso que se faz. Encontre-me amanhã no Canter’s Deli na Fairfax às 3 da tarde.”

No outro dia, ele apareceu na sua Mercedes-Benz com uma caveira pintada nela. Ele me fez sentar e começou um monólogo sobre rock: ele disse alguns idiotas que devíamos evitar, coisas feitas por engano, cláusulas para eliminar.

“Não vá a uma pequena empresa de divulgação,” ele disse enquanto mordia sua carne defumada. “Você tem que ter suas músicas no Tahiti. Se elas não estiverem no Tahiti, elas não estarão em lugar nenhum.”

E ele continuou: “Não contrate qualquer empresário. Não faça um acordo apenas por dinheiro. Você tem que observar para onde o dinheiro vai, e como ele volta.”

Tudo o que ele aprendeu nos setes anos passados ele compartilhou comigo com a bondade de seu coração alcoolizado. Eu não tinha idéia do que ele tava falando, porque eu não sabia sobre negócios. Eu provei isso no outro dia, quando eu virei e fiz um dos negócios mais estúpidos da minha careira. Eu assinei um contrato com dez mandamentos com um construtor que conhecia menos sobre a indústria do que eu.

Eu o encontrei depois do motorista e pegador de burritos do Mick, Stick, começar levar sua irmã para o ensaio, onde nós estávamos gravando nossas músicas que se tornariam nosso primeiro single “Stick to Your Guns” e “Toast of the Town.” Ela parecia totalmente como Stick, exceto que ela tinha apenas um dente e um estranho aparelho que parecia uma cobra enrolada em volta do seu cabelo. Ela era tão feia que até mesmo o Tommy não conseguiu dormir com ela. Seu marido era um misterioso, magrelo, dono da construtora com um cérebro do tamanho do Barney Fife, mas com um coração maior do que a teta de uma stripper. Seu nome era Alan Coffman, ele era de Grass Valley no norte da Califórnia, e por alguma razão ele queria entrar no rock. Ele parecia um rico louco, com os olhos sempre se movendo pelo cômodo como se ele tivesse esperando alguma coisa sair das sombras e atacá-lo. Quando ele ficava bêbado, ele começava procurar arbustos obsessivamente para ter certeza que nenhum de nós estava nos escondendo. Uns anos depois nós descobrimos que ele tinha servido como membro do parlamento no Vietnã.

Quando Stick o trouxe no ensaio, ele provavelmente nunca tinha visto uma banda de rock antes. E nós nunca tínhamos visto um empresário. Ele disse que queria investir na gente, e nos dar cinqüenta dólares – o primeiro dinheiro que teríamos como uma banda; nós assinamos um contrato com ele no ato. Assim que estabelecêssemos um padrão, nós poderíamos repetir por toda nossa carreira, dentro de minutos nós gastamos todo o dinheiro em um monte de cocaína e a cheiramos uma carreira que se estendia ao redor da mesa.

Coffman nos apoiou porque ele achou que seria barato. Uma banda punk deve ser barata. Mas nós não éramos: nós o fizemos comprar uma jaqueta de couro de cobra e calças pretas pro Tommy, uma nova jaqueta de couro pro Mick, e, pro Nikki, um par de botas de 600 dólares. A partir daí, se a gente quisesse alguma coisa com um preço que possuísse três dígitos, nós teríamos que roubar.

Coffman achava que ele teria que treinar a gente em Green Valley e nos deixar sermos nós mesmos no palco. Nós dormíamos no seu trailer de hóspedes e andávamos pela cidade, um paraíso caipira com apenas um destino: Main Street. Despistamos a natureza de merda do lugar, nós não estávamos acovardados de usar salto alto, spray de cabelo, unhas vermelhas, calças pinks, e maquiagem. Como de costume, nós íamos aos bares, víamos qual caminhoneiro corria mais, e pegávamos a namorada de qualquer pessoa. Na nossa primeira noite fora, um Hell Angel entrou no bar e parou em frente de um ciclista que tinha uma tatuagem de anjo no seu braço.

“Você não merece mais ser um Hell Angel,” ele disse calmamente. Depois, ele pegou seu canivete e arrancou a tatuagem do cara do lugar.

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