11 de mai. de 2010

(continuação 5) Capítulo 2 - Tommy


Nós fizemos uma audição, com um cara ridículo chamado O’Dean, que cantava com uma voz mais ou menos parecida com Cult e Scorpions. Ele era um incrível vocalista, mas Nikki não gostou dele porque ele não parecia com o Brian Connlly da Sweet. Outro problema de O’Dean era que ele estava super irritado com as luvas brancas de plástico que ele sempre estava usando. Ele tava com a impressão que essas luvas tinham um estilo, e nós não tentamos dizer o contrário porque ele tinha o que nós tínhamos.

Nós fomos em um estúdio para gravar algumas músicas do Nikki: “Stick to Your Guns”, “Toast of the Town”, “Nobody Knows What It’s Like to Be Lonely”, e uma música do Raspberries, “Tonight”. Eles nos deram apenas duas horas, então quando acabava o tempo, Nikki me fazia ir meter na engenheira. Seus dentes ficavam pra fora da sua cara como se o ar saindo de uma bola de praia, mas ela era legal e tinha um corpo decente. Ela me levou pra sua casa, e ela tinha uma cama foda pra caralho. Tinha uma armadilha de pernilongo envolta dela, e eu nunca tinha experimentado nada como isso. Eu era um vagabundo antes disso, tentando experimentar de tudo, então eu disse a ela, “Wow, eu adoraria meter nesse negócio.” Nós tivemos bons momentos, e ela me deu certeza que conseguiríamos horas de graça no estúdio até não sermos mais bem vindos.

Durante a última música que nós gravamos pra nossa demo, “Tost of the Town,” O’Dean se recusou a tirar suas luvas para aplaudir nossa experiência. Ele achava que se ele tirasse suas luvas poderia arruinar seu misticismo, tirando o fato que o único misticismo que ele tinha era como ele tinha uma voz tão boa. Nikki estava com raiva quando O’Dean não bateu palmas como a Sweet fez em “Ballroom Blitz,” e Mick o odiou porque ele achava que ele era um gordo do caralho, um vocalista de merda, e um espiritualista secreto.

“Eu não gosto desse cara,” Mick continuou resmungando durante os ensaios. “Ele é um hippie. E eu odeio hippies.”

Eu disse pro Nikki, “Mick não acha O’Dean um Deus.”

“Foda-se,” Mick disse. “Eu quero aquele loiro magrelo do caralho que eu vi na Starwood na outra noite naquela banda Rock Candy.”

“Você quer dizer o Vince?!” Eu perguntei.

“É caralho, o Vince.” Primo Itt franziu o rosto pra mim. “Aquele é o cara. Eu estou pouco me fodendo se ele consegue ou não cantar. Você viu o que ele fazia com aquela multidão? Você viu o que ele estava fazendo com aquelas garotas e o jeito que ele agia no palco?”

“Eu fui pra escola com aquele idiota,” Eu disse pra ele. “As garotas o amam”.

Eu tinha dado meu telefone pro Vince naquele show, mas ele nunca ligou. Depois de termos despedido O’Dean, eu passei na casa do Vince, dei-lhe uma fita demo, e implorei para ele fazer uma audição com a gente. Nós esperamos semana a ligação dele ou ele ir, mas ele nunca fez isso. Finalmente, eu desisti e liguei pra ele de novo.

“Eu tava procurando vocês,” Vince disse. “Sem querer eu lavei meu jeans com o número de vocês dentro, e não consegui achar vocês.”

“Escuta,” eu disse pra ele. “Essa é sua última chance, cara. Você tem que ver essa banda que eu estou. As coisas que estamos trabalhando irá explodir sua mente. Nikki Sixx está na banda, e nós temos esse guitarrista do caralho que parece o Primo Itt da Família Addams.”

“Ok,” Vince disse. “Minha banda me fodeu noite passada, e eu estou quase desistindo. Vou te falar uma coisa: vou no sábado. Onde vocês vão estar?”

Sábado era um bom dia: o sol tava fraco e tava uma brisa gostosa. Eu estava bebendo, Nikki estava dando uns goles de Jack Daniel’s, e Mick estava dando uns goles na sua Kahlúa lá fora do estúdio IRS na Burbank onde Vince apareceu em um 280Z com uma garota chamada Lovey Howell da Ilha Gilligan.

Ela saiu do carro e nos olhou como se ela fosse sua gerente. “Bom, eu tenho que checar o guitarrista porque ele tem que ser muito bom se ele for tocar com você, baby,” ela disse suavemente, nos deixando rapidamente aos nervos, Vince apareceu lá como uma criança , meio convencido e meio envergonhado, com seu cabelo loiro de platina saindo de sua cabeça como fogos de artifício. Nikki deu-lhe algumas letras e ele começou a cantar. Ele não estava no ritmo da música, mas ele alcançava todas as notas e manteve o tom. E algo a mais começou a acontecer: sua voz alta e estridente combinou com o esfarrapado baixo fora de tempo do Nikki, com a guitarra fora de controle do Mick, e da minha bateria super ocupada e animada. E isso ficou legal, apesar dos backing vocals da Lovey, que continuava reclamando que as músicas não eram boas para o Vince.

No ato, Nikki começou a reescrever as músicas para a voz do Vince, e o primeiro resultado foi “Live Wire”, nós éramos Mötley Crüe a partir disso. Naquele momento do caralho. Nós criamos uma das nossas músicas clássicas cinco minutos no nosso primeiro ensaio com o Vince. Eu não podia acreditar nisso. Pessoas perdidas estavam ensaiando na porta ao lado, e nós ficamos tão animados com aquilo, apenas por ser cuzões, nós pegamos o cadeado pendurado do lado de fora da porta deles e os trancamos no estúdio deles. Eu não sei como eles saíram de lá – se eles saíram algum dia.





Fig. 5

Nenhum comentário:

Postar um comentário