27 de jul. de 2010

(continuação 3) Capítulo 4 - Nikki

Por sorte, com um braço engessado, eu não podia injetar em mim mesmo. Eu me controlava. Eu não podia tocar baixo de qualquer forma, mas estava tudo bem para o nosso produtor, Tom Werman, porque ele constantemente ligava para a Elektra reclamando que eu não podia tocar e Vince não podia cantar. Então eu ia para o estúdio com o meu braço na faixa e saia e ficava alto e cuidava das coisas.

Werman me disse durante a sessão, “Não importa o que você fizer, não olhe nas minhas anotações. Eu tenho coisas lá que eu estou pensando conforme a direção que a música vai indo e eu não quero que você bagunce com elas.” Claro, essa foi a pior coisa que ele devia ter nos dito. Desde então, nós tentávamos descobrir o que ele estava escrevendo. Mas a qualquer hora que ele saia do estúdio, ele as levava com ele. Uma noite, quando ele saiu para ir ao banheiro, ele deixou as anotações para trás. Eu corri para a mesa de mixagem, animado para finalmente descobrir o que ele realmente tinha na sua cabeça. Eu abri o livro e me deparei com essas palavras: “Não me esquecer de cortar a grama no domingo. Lembrar de pegar as sapatilhas de balé para a escola. Comprar novos tacos.” Eu fervi de raiva: eu não podia acreditar que essa pessoa que se chamava de produtor podia estar pensando em outras coisas a não ser Mötley Crüe e rock and roll.

Eu fui para fora para achá-lo, mas a recepcionista me parou. Alice Cooper estava trabalhando no estúdio, e eu tinha implorado para ela por dias para me deixar encontrar com ele. Ele parecia maior do que Deus. E esse foi meu domingo de sorte. “Ele está pronto para te encontrar” ela disse. “Ele disse para esperar por ele na sala do lado de fora do seu estúdio às três.”

Parado do lado de fora do seu estúdio as três tinha um homem vestido impecavelmente em um terno segurando uma pasta. “Alice estará fora em um segundo,” ele me disse, como se eu tivesse indo encontrar Deus. Um minuto depois, a porta do estúdio abriu e uma nuvem de fumava apareceu. Surgindo lentamente do meio da nuvem veio Alice Cooper. Ele estava carregando um par de tesouras, cujo ele ficava abrindo e fechando na sua mão. Ele foi até mim e disse “Eu sou o Alice.” E tudo o que eu consegui dizer foi, “É caralho, você é!” Com uma entrada como aquela, ele realmente era Deus. Não foi até anos mais tarde que eu percebi o que aquela fumaça realmente era.

No momento que meu braço sarou, nosso segundo álbum, Shout at the Devil, estava finalizado e nós estávamos pronto para fazermos shows de novo. Quando nós estávamos morando juntos, nós assistíamos Mad Max e Escap from New York sem parar, até cada imagem estivesse gravada no nosso cérebro. Nós estávamos começando a ficar preocupados com a imagem glam-punk porque muitas outras bandas tinham copiado isso, então nosso look envolveu uma mistura desses dois filmes. A metamorfose começou uma noite em um show em Santa Monica Civic Center. Joe Perry do Aerosmith estava bêbado, e eu fui até ele, peguei um lápis litográfico, e passei debaixo dos meus olhos, estilo Road Warrior. Joe disse que tinha ficado legal, e isso foi encorajamento suficiente pra mim. Daí, eu coloquei uma única ombreira com tachas e fiz manchas de guerra debaixo dos meus olhos, como um dos piratas divertidos do The Road Warrior. Daí eu fiz alguém fazer para mim botas de couro justas com uma gaiola no salto, que soltava fumaça quando eu pressionasse um botão. Nós pintamos o horizonte de uma cidade baseada no Escape from New York como um cenário para os nossos shows, moldamos nossos amplificadores como espetos, e construímos um palco para a bateria para parecer um cascalho de uma auto-estrada despedaçada.

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