6 de jul. de 2010

Capítulo 2 - Vince


Capítulo 2

Vince


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Um dia de público triunfo acaba em uma privada recriminação enquanto nosso herói submete para seus instintos ordinários, quais não devem ser revelados em mais detalhes nesta breve sinopse pelo medo de viciar leitores jovens.

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Este foi o dia que a new wave morreu e o rock and roll tomou o comando: 29 de maio, 1983. O segundo dia de três do US Festival.

Circulando sobre centenas de milhares de pessoas em um helicóptero – o primeiro helicóptero que eu estive – parecia que o povo da Sunset Strip na sexta-feira e no sábado a noite tinha sido transportado de repente para um campo no meio do nada em uma tarde quente de primavera. Ozzy Osbourne, Judas Priest, Scorpions, e Van Halen estavam se apresentando na frente de trezentas mil pessoas. E nós também.

Toda cidade na América deve ter desenvolvido seu equivalente na Sunset Strip. Não era mais apenas uma coisa underground. Isso era um movimento em massa, e finalmente nós encontramos a postos uma nova nação no mapa. Olhando para baixo do helicóptero, com uma garrafa de Jack na minha mão esquerda, uma bolsa de pílulas na minha mão direita, e uma cabeça loira subindo e descendo no meu colo, eu me senti como o rei do mundo. Isso durou por um segundo. Daí eu fiquei assustado pra caralho.

Nós tínhamos apenas um álbum, e tínhamos apenas encostado no topo das paradas no número 157. Muitas dessas pessoas não nos conheciam. Eles estavam excitados o dia todo, e provavelmente nos odiariam porque eles estavam impacientes pelo Ozzy e Van Halen.

Eu dei outro gole no Jack enquanto nós pousamos e conhecemos nossos novos gerentes, Doc McGhee, que era basicamente um viciado em bons negócios, e Doug Thaler, seu homem positivo. O cara que tinha nos assinado com a Elektra, Tom Zutaut, estava lá com a sua namorada, uma garota gostosa e surpreendente considerando a sorte de Tom com mulheres. Eu fui para o camarim para fazer minha maquiagem e colocar minhas roupas, e vi o que eu podia fazer com a fila de garotas e repórteres esperando do lado de fora. Depois do que parecia ser apenas alguns minutos, houve um bater frenético na porta.

“Você tinha que estar no palco dez minutos atrás,” Doc berrou. “Sai daí.”

Quando nós tocamos “Shout at the Devil”, eu soube que nós tínhamos conseguido. Eu não tinha nada para me preocupar. Essas pessoas nunca tinham ouvido a música antes: nós nem tínhamos começado gravar o álbum direito. Mas no fim, eles estavam cantando junto, erguendo seus punhos para o ar. Eu observei e cada palavra que eu cantava, cada pancada na guitarra que o Mick dava, a multidão agitava em resposta. Eu entendi daí porque rock stars tem um ego tão grande: do palco, o mundo é um anônimo, uma merda, uma multidão obediente, muito longe do que os olhos podem ver.

Mick deixou o palco primeiro e voltou para o trailer que duplicava nosso camarim. Sua namorada estava esperando ele lá dentro, quem nós chamávamos de A Coisa, uma morena medíocre cujas mangas enrolavam no seu cotovelo. Assim que ele entrou na porta, após tocar no maior show da sua vida, ela o puxou e socou diretamente no rosto sem nenhuma explicação. (Voltando em Manhattan Beach, ela às vezes ficava bêbada, batia nele, e o jogava pra fora da casa, depois Nikki ou eu recebíamos um telefonema desesperado do Mick perguntando se podíamos pegá-lo na entrada da sua casa.)

Mais tarde para mim tinha álcool, drogas, entrevistas, e garotas. Eu me lembro de estar saindo do palco e ter visto a namorada do Tom Zutaut, que tinha ficado apenas com um biquíni de leopardo porque estava muito quente lá fora. Eu a agarrei, passei meu rosto suado contra ela, e soquei minha língua na sua garganta. Ela espremeu meu corpo contra o dela e mordeu minha língua.

Eu a levei de volta para o trailer – passando pelo Mick, que estava sentado nos degraus segurando sua cabeça entre as mãos – e enterrei minha cara no meio dos peitos dela. Daí, houve uma batida na porta e uma voz estridente falando, “Hey, é o Tom. Posso entrar?”

“O que você quer?” eu perguntei, preocupado se ele tinha me visto.

“Eu apenas quero te dizer que vocês foram e-e-exelentes. Esse foi o melhor show que eu já vi de vocês.”

“Obrigada, cara,” eu disse. “Escuta, eu sairei em um minuto. Eu só preciso de um tempinho para relaxar.”

Daí eu arranquei o biquíni dela e meti nela enquanto ele esperava do lado de fora.

Nikki ficou furioso quando eu contei pra ele o que eu tinha feito. “Seu idiota do caralho!” el

e gritou. “Você não consegue segurar seu pinto? Esse cara nos contratou. Se ele descobrir, ele usará isso contra nós e vai foder com o nosso álbum novo.”

“Desculpa,” eu respondi. “Mas isso só se ele descobrir.”

fig. 1

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