29 de ago. de 2010

(continuação 2) Capítulo 6 - Nikki

Eu devo ter mordido Angus Young, também, porque seu irmão Malcolm veio até mim com raiva. Eu tava usando botas de plataforma, e o rosto do Malcolm era na altura do meu umbigo. “Seu canalha do caralho,” ele berrou pro meu umbigo. “Você pode morder meu irmão, legal! Mas se você me morder, eu arrancarei seu nariz, seu veado com cara de cachorro.”

Eu acho que eu disse algo como “você e qual escadinha,” porque depois disso, ele me atacou, escalando minha perna e arranhando meu rosto como um gato doido. Doc McGhee o tirou e, o agarrou pelo colarinho do pescoço, e o jogou pra fora do vestiário. A gente podia ouvi-lo arranhando a porta e assobiando enquanto Doug nos contava as novidades.

“Parabéns,” ele disse. “Depois dessa turnê, vocês vão abrir para o Iron Maiden.”

“Legal pra caralho, agora eu não tenho que ir para casa,” eu disse, pensando sobre minha visitante da meia noite da noite anterior.

“A propósito,” Doc continuou, “Bruce Dicknson gostaria de conhecer vocês.” Bruce era o vocalista novo do Iron Maiden, e embora seu literato, heavy metal nunca foi meu tipo favorito de música, ele era uma lenda.

Doc saiu pela porta, segurando Malcolm perto dele com sua mão direita, fazendo sinal para o Bruce e a mulher que estava com ele. Eles entraram no vestiário: meu coração caiu em minhas mãos e meus testículos se encolheram para o tamanho do punho do Malcolm. Eu tentei falar um oi gaguejando para eles, mas estava com a língua-presa. Lá estava ela, a garota que tinha entrado pela minha janela noite passada. E eu não sabia se ela era a esposa do Bruce Dickinson, namorada, empresária, assistente, ou o que.

Foi no Monsters of Rock e na turnê com o Iron Maiden que o tédio começou. Em Hollywood, fazer shows era um modo de vida. Mas fazer shows não era a mesma coisa que fazer turnês. Quando você faz shows, você vai para sua casa depois. Fazer turnês era uma interminável parada de desconhecidos: anônimos, quartos de hotel idênticos, e cidades indistinguíveis, sempre mudando, mas sempre as mesmas. Na America, no mínimo nós tínhamos a consolação de observar nossa estrela aumentar enquanto nós fazíamos turnês. Mas na Europa, nada parecia real ou relevante. Nas turnês passadas, eu sentava no meu quarto de hotel e escrevia cartões postais para meus avós em Jerome, Idaho, população quatro mil, falando para eles o quanto solitário eu estava e quanto eu sentia a falta de um lar. Mas depois da minha reunião com a minha mãe, eu não queria mais um lar. Eu fiquei mais louco e despreocupado, subconscientemente me colocando na mesma autodestruição que minha mãe estava. Minha fantasia de rock n’ roll não era mais apenas sobre sucesso e decadência e rebelião, era também sobre dor e morte. Eu tinha certeza que eu iria morrer antes dos vinte e cinco. Eu acho que todos pensavam isso.

Tommy e eu começamos a quebrar garrafas de vidro na cabeça um do outro e arrancando as lâmpadas dos espelhos de maquiagem e engolindo elas inteiras só por diversão. Quando Vince estava no banheiro com alguma groupie ou garçonete, nós entramos, não porque nós queríamos fazer sexo em três com ela, mas porque nós queríamos roubar as drogas do bolso das calças do Vince enquanto ele estava preocupado. Como vocalista, Vince tinha as piores horas de recuperação da festa toda: ele normalmente estava tão acabado que o único jeito de fazê-lo ir fazer o show, era se chamássemos um médico para encher seu rabo de cortizona antes de ir para o palco.

No Ritz em Paris, Vince estava tentando pegar a mesa da frente para fazer uma ligação, mas ele tava tão fodido que não conseguia abrir a porta de vidro na entrada do hotel. Então ele chutou a porta, quebrando o vidro e mandando a maçaneta de latão para o chão. Ele pegou a maçaneta do chão, entregou para o porteiro, e fez a ligação como se nada tivesse acontecido.

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