13 de set. de 2010

PARTE CINCO - SAVE OUR SOULS - Capítulo 1 - Mick


fig. 1

PARTE CINCO

>>SAVE OUR SOULS<<

Capítulo 1

Mick

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Um homem com um coração inconsolável é guiado por trapaças, intoxicação, e auto-engano diretamente para uma cova úmida.

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Você já recebeu uma ligação da polícia ou segurança no seu senhorio por estar tocando muito alto? Como uma coisa tão bela pode deixá-los tão irritados? Se você está na sua casa tocando um bom álbum, e algum vizinho intrometido diz que ele não consegue ouvir sua TV, por que sua música tem que sofrer para que ele possa assistir sua TV? Eu digo, “Que falta de sorte para o vizinho.”

Música é censurada como é: você não pode dizer “merda” ou “mijar” ou “foder” ou “caralho” nas suas músicas se você quer que elas toquem na rádio e no Wal-Mart. Não é permitido. E se você quer seu clipe na TV, você não pode usar certas roupas e você não pode ter imagens de armas e pessoas mortas. Música é tão perigosa? Mais perigosa que a morte, assassinato, suicídio, e estupro que vemos na TV e nos filmes o tempo todo? Já escrevi uma música um pouco velha de amor sobre os mesmos temas, e ninguém irá tocá-la na rádio. E você não pode escutá-la na sua casa, porque ela é alta demais para os seus vizinhos. Essa coisa é tão poderosa, essa música, mas eu não tenho outro caminho. Pessoas é uma droga, música não.

Quando eu estava em Manhattan Beach com A Coisa, tudo o que eu queria fazer era ouvir música ou tocar minha guitarra, mas eu não pude, pois vizinhos intrometidos estavam tentando assistir assassinatos e sexo com adolescentes na televisão. De qualquer forma, eles nunca pareceram reclamar ou interferir quando A Coisa estava me amargurando e me batendo. Tudo bem. Talvez eles achassem que eu merecia isso por tocar minha música muito alto.

Eu fui ensinado quando criança nunca bater em uma mulher, mesmo se ela bater em você primeiro. Então quando A Coisa fazia suas pirraças, eu nunca bati nela de volta. De fato, eu me mudei com ela. Eu me sentia tão velho que eu não podia pensar que poderia ser possível para eu arranjar outra mulher bonita.

Eu nunca entendi as mulheres. Na turnê do Monsters of Rock na Suécia, um dos caras do AC/DC trouxe uma garota do bar do hotel. Ele estava muito bêbado e vomitou em cima dela. A segurança do hotel o levou para o quarto dele, mas ele voltou em quinze minutos, pagando por mais bebida. Depois de beber o suficiente para deixá-lo doentio de novo, ele chamou a garota para ir pro quarto com ele. Ela ainda estava manchada com seu vomito, mas ela aceitou. Quão nojento isso foi? Isso é pior do que o Ozzy cheirando formigas. O que há de errado com essas mulheres?

Vince e sua esposa, Beth, se mudaram para uma casa perto da Coisa e eu em Manhattan Beach. A Coisa era amiga da Beth e, juntas, as duas eram as garotas mais rígidas que você já viu. A Coisa era do tipo que bate primeiro e faz perguntas depois, e Beth era reclamona, muito sensível com limpeza e paranóica com germes. Eu não sei como Vince saiu dessa com toda a merda que ele fez. Ele ia pro Tropicana, uma boate de strip com um ring onde as mulheres lutavam no óleo, e ele voltava pra casa depois das duas da manhã. Quando Beth perguntava por que ele tava cheio de óleo, Vince apenas dizia, “Oh, eu estava na Benihana e a comida na mesa espirrou.” E era isso. Eu nunca fui nesses lugares. Não tinha interesse. Qual é a utilidade de ver se você não pode tocar?

Depois de retornar dos últimos Shout shows na Inglaterra, Vince deu uma festa na sua casa para celebrar o começo do nosso próximo álbum. Um dia ou dois na festa do Vince, A Coisa foi até nossa sala com suas mangas arregaçadas. Eu estava sentado no sofá, fodido como normal, e assistindo um episódio de Nova sobre teorias matemáticas. Eu tinha tomado dois tranqüilizantes e estava bebendo Jack e bellars. Bellar é uma coisa que eu e meu amigo Stick inventamos: era uma mistura de Kahlúa e brande, nomeado depois das moças no bar vierem conversar com a gente.

A Coisa me bateu do lado da minha cabeça e me mandou ir para o Vince e a Beth. Eu realmente não queria sair do sofá, mas eu percebi que ir era mais fácil do que ficar em casa o dia todo e brigando. Então nós fomos pro Vince e acabamos brigando. Aquilo era muito inútil. Não tinha como ganhar dela. E eu estava triste e cansado de ser abusado. Ela não era digna de problemas, especialmente quando sua amiga me disse que ela estava me gozando pelas minhas costas. Eu acho que ela achava que ele tinha mais dinheiro do que eu.

Eu estava tão agravado que sai da casa do Vince e fui para a praia. Minha cabeça ficava soando: “Faça você mesmo, faça você mesmo.” Eu não queria terminar tudo. Eu já estive em situações piores. Eu apenas queria paz e silêncio. Então eu caminhei até o oceano com uma bellar na minha mão. As ondas estavam frias e batiam nas minhas roupas, mais e mais, até elas derrubarem minha bebida da minha mão. Logo, meu cabelo estava molhado e grudado no meu pescoço. Daí eu perdi os sentidos.

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