4 de set. de 2010

(continuação 5) Capítulo 6 - Nikki

Naquela época, nós não pensávamos em drogas como um vício. Elas eram apenas algo que gostávamos de fazer toda hora para nos tirar do tédio. Nós não éramos viciados: nós éramos apenas usuários constantes.

Enquanto nós voamos de volta para casa, eu pensei sobre outro percurso. Alguns meses antes, depois de termos ganhado nosso disco de platina em Manhattan do Shout at the Devil, eu voei para Nantucket para conhecer algumas garotas. Eu tinha conhecido Demi Moore nas festas dos prêmios, e ela estava esperando para me receber enquanto o avião chegava. Ela estava trabalhando em um filme lá com Bobcat Goldthwait, que estava também na pista junto com vários outros atores e membros da equipe. Minha cabeça estava girando porque eu tinha ficado bêbado e drogado no vôo. Eu sai do avião pelo topo da escada dianteira que levava para o asfalto; eu tinha os prêmios na minha mão esquerda, uma garrafa de Jack na direita, e um pacotinho de cocaína esmagado no meu bolso de trás. Eu os imaginei olhando pra mim: eu parecia um rock star de verdade, como Johnny Thunders.

Quando desci na entrada, meu sapato escorregou na beirada do degrau de cima e eu perdi meu equilíbrio. Eu tentei me segurar no corrimão, mas só serviu para soltar a garrafa de Jack, que quebrou nos degraus debaixo. Eu a segui, caindo com a cabeça erguida, uma bagunça de vidros quebrados, álcool, e membros. Eu cheguei primeiro na pista, seguido pelo prêmio, cujo acertou minha cabeça.

Eu abri meus olhos para encontrar Demi, Bobcat, e seus amigos parados na minha frente, me ajudando e olhando pra mim desaprovadamente. Eles tinham estado onde eu estava. Esse dia foi a primeira vez que eu ouvi sobre AA. Quando Demi e Bobcat sugeriram que eu deveria saber mais sobre o programa, eu dei de ombros. Mas eu pude ver nos olhos deles e o jeito que eles sacudiram suas cabeças e olharam um pro outro: eles sabiam isso, eu seria um deles. Eu estava me divertindo sem pensar nas conseqüências porque, pra mim, conseqüências não existiam. Nós éramos Mötley Crüe, nós tínhamos um disco de platina, e éramos maiores que o New York Dolls em todo lugar. Nós éramos jovens, fodidos, e adorávamos isso. Palavras como conseqüências, responsabilidade, moralidade, e autocontrole não se aplicavam a nós. Ou nós achávamos.


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