8 de nov. de 2010

Capítulo 6 - Nikki

Capítulo 6

Nikki

--

Mais aventuras relacionadas à tristeza, na qual nossos heróis encararam seus melhores inimigos: eles mesmos.

--

Quando Vince chegou ao estúdio, não teve uma reunião lacrimosa. Um vago senso de tristeza envolveu a sala, como se uma ex-mulher tivesse de repente surgido na porta. Eu estava pavoneando por L.A. com Robbin Crosby e os caras do Hanoi Rocks como se eu fosse o rei do mundo nos meses passados, sem um pensamento sobre a banda. Eu tinha escrito músicas para o álbum que se tornaria o Theatre of Pain, mas eu não tinha idéia do que eu estava fazendo ou falando ou tocando; eu estava tão fodido que eu quase não conseguia me vestir mais.

Quando Vince timidamente disse oi, sem pensar que ele tinha acabado de sair da reabilitação, eu ofereci uma carreira pra ele. Talvez apenas para se encaixar de novo, ele disse sim, enrolando uma nota de um dólar, e cheirando. Daí ele tampou sua boca e correu pro banheiro, onde ele vomitou tudo no seu estômago durante cinco minutos.

“O que é isso?” Vince perguntou.

“Heroína, cara,” eu disse pra ele.

“Heroína? Por que você ta fazendo isso?”

“Porque é legal.”

“Jesus, você está fodido!”

Mas nós estávamos todos fodidos. O que Vince não entendia era que ele estava ficando sóbrio, e nós estávamos atingindo o ponto máximo do vício. Nós estávamos socados em casa e não sabíamos o que fazer conosco depois uma intensa turnê. Nossas namoradas e esposas – Lita pra mim, A Coisa pro Mick, e Honey pro Tommy – tinham nos deixado, e nós estávamos sozinhos. Então Mick se perdeu em coquetéis feitos em casa, Tommy em galões de vodka e gramas de cocaína, e, pra mim, não tinha nada que eu pudesse injetar no meu sistema.

Toda vez que eu voltava pra casa depois do estúdio, eu abria a porta e lá tinha pessoas por todo lugar na porta da frente, ouvindo música, cheirando, fodendo. Eu passava por eles, porque eu não sabia quem eles eram e me espatifava na cama. Meu quarto era cheio de agulhas e livros. Eu estava lendo sobre a relação entre teatro, política, e cultura, desde a antiguidade onde animadores que não conseguissem fazer um rei rir seriam mortos para novas idéias como a composição de Antonin Artaud no “The Theater of Cruekty.” Nós iríamos originalmente chamar o álbum de Entertainment or Death, mas uma semana depois de Dough Thaler tatuar isso no seu braço, nós mudamos para Theatre of Pain. Eu roubei o título ou da composição de Artaud, de uma garota que eu tinha saído várias vezes chamada Dinah Cancer (que estava na banda 45 Grave), ou dos dois.

No estúdio, ninguém gostava do som que eles estavam fazendo nos seus microfones, baixos ou guitarras. Mas nós estávamos tão bêbados para fazer algo sobre isso. Mick estava irritado por ter que usar um amplificador Gallien-Krueger ao invés do seu Marshall, embora ele praticamente molhou suas calças quando Jeff Beck veio pedir emprestado uma de suas palhetas.

Eu tinha escrito apenas cinco músicas, e nós gravamos todas. Daí nós tivemos que saquear demos antigas para conseguirmos um álbum completo. “Home Sweet Home” foi uma das primeiras músicas que nós colocamos na fita, e isso capturou nosso sentimento na época por sermos vagabundos presos e sozinhos e desesperados desejando algum senso de segurança, ou família, intimidade, ou morte. Mas nós estávamos gravando muito pobremente: nós íamos pro estúdio e gravávamos duas, odiávamos as duas, e daí íamos ficávamos entediados e de saco cheio e íamos pra casa. E fizemos isso todos os dias da semana, apena na“Home Sweet Home,” chegando a lugar nenhum muito lentamente.

Enquanto nós estávamos trabalhando na música, nosso contador foi até o estúdio com uma atriz aspirante chamada Nicole. Ela era muito bonita, mas ela tinha seu cabelo armado e usava spray para mantê-lo espesso e liso na frente. Minha primeira impressão foi que ela era uma irritante advogada. Eu sempre fui muito desinteressado em garotas. Eu gostava de transar, mas logo que eu acabava, eu saia do quarto se nós estivéssemos em turnê e batia na porta de algum companheiro de banda meu para ver o que eles estavam fazendo. Eu não sei por que ninguém gostava de mim: eu não era um bom namorado. Eu era entediante, eu traia, e eu não me interessava em qualquer coisa que alguém tivesse pra falar se isso não se referisse diretamente à mim.

Depois de ver Nicole nos ensaios durante alguns dias, eu perguntei à ela, “Você quer comer comida tailandesa? Eu a levei em um restaurante chamado Toi próximo da esquina da casa que eu e Robbin dividíamos.

Algumas garrafas de vinho depois, eu perguntei a ela, “Ah, você já experimentou heroína?”

“Não,” ela me disse.

“E cocaína?”

“Sim, várias vezes.”

“E tranqüilizantes?”

“Hum, acho que sim. Talvez uma vez.”

“Bom, vou te dizer uma coisa. Eu tenho um pouco de heroína, cocaína e uns tranqüilizantes se você quiser ir à minha casa. Eu também tenho algumas garrafas de whiskey, e nós podemos nos divertir.”

“Ok,” ela disse. Eu posso dizer que ela estava morrendo para terminar a sua aparência, para experimentar uma noite com um garoto mau e daí voltar para o mundo real e talvez fofocar sobre isso com outras putas vaidosas porque isso era muito fora de caráter.

Nós fomos pra casa e ficamos loucos, e transamos. Mas por alguma razão ela não foi embora. Ela gostou das drogas. Nós nos divertimos, elas nos colocaram em culpa: eu sabia o segredo dela, e ela sabia o meu. Toda noite depois do ensaio, nós íamos pra casa e injetávamos. Daí nós começamos acordar pela manhã e injetar. Daí ela ia aos ensaios, e não importava o que estivéssemos gravando, eu fazia uma pausa e injetava no banheiro ou no carro ou em outros lugares que nunca tinha feito e voltava pro estúdio. Parecia que éramos namorado e namorada, mas tecnicamente nós éramos apenas companheiros de drogas. Usando o pretexto de namoro como uma desculpa para passar todo o tempo juntos usando heroína, nós levamos o outro para baixo até ficarmos loucamente viciados. Nós dificilmente transávamos: nós apenas injetávamos e dormíamos no meu colchão sujo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário