6 de dez. de 2010

(continuação) Capítulo 8 - Nikki

Quando a turnê terminou na Europa, eu estava vingativo, me odiando. No dia dos namorados, nós tocamos com o Cheap Trick em Londres e os caras do Hanoi Rocks foram lá pra ver o show. Brian Connolly da Sweet estava no backstage, e eu sabia que ele não se lembrava de ter dito pra mim que eu nunca conseguiria aquilo quando eu mandei pra ele umas demos da London uns anos antes. Quando eu o vi, eu senti raiva e fiquei magoado por causa daquela ligação. Eu o encarei, esperando que ele de alguma forma se lembrasse e viesse pedir desculpas, mas ele nunca disse uma palavra pra mim. E eu não iria até ele parecendo feliz porque eu parecia uma merda por não ter injetado desde manhã. Eu estava satisfeito com todo mundo na banda falando o quão idiota ele era naquela noite. Esse foi o meu presente de dia dos namorados.

Eu peguei o Andy do Hanoi Rocks depois no show e nós entramos em um taxi preto inglês pra procurar heroína. Com a música do Clash “White Man in Hammersmith Palais” tocando em minha cabeça, nós finalmente achamos um comerciante em uma fila fodida de condomínios de casas próximo.

“Essa coisa é bem forte.” O comerciante sorriu pra mim com os dentes largos e podres.

“Tudo bem,” eu disse pra ele. “Eu sou um velho profissional.”

“Você parece bem mal, cara,” ele me disse. “Você quer que eu faça isso pra você?”

“Sim, seria ótimo.”

Ele ergueu minha manga e amarrou uma borracha de médico em volta do meu braço. Eu segurei firme enquanto ele enchia o êmbolo e enfiava a agulha no meu braço. A heroína correu pelas minhas veias e, logo que ela explodiu no meu coração, eu percebi que eu tava fodido. Eu nunca deveria ter deixado outra pessoa injetar em mim. Foi isso: Eu estava morrendo. E eu não estava pronto. Eu ainda tinha coisas pra fazer, mesmo eu não lembrando exatamente o que era. Ah é. Merda.

Eu tossi, eu sufoquei, eu tossi de novo. Eu acordei e o quarto parecia de ponta cabeça. Eu estava no ombro do comerciante, que estava me carregando pra fora da porta como uma bolsa velha de lixo. Eu fiquei sem ar de novo, e vomito começou a transbordar da minha boca. Ele me colocou no chão. Meu corpo ficou azul, tinha gelo na minha calça que era do Andy tentando me acordar, e eu tinha vergões enormes no meu braço e peito por ter sido golpeado com um taco de baseball. Foi a idéia do comerciante: ele pensava que poderia me deixar com muita dor que meu sistema se chocaria e voltaria a funcionar. Quando essa tática falhou, ele evidentemente deicidiu me jogar na caçamba atrás do condomínio e me deixar morrer. Mas daí eu vomitei nos seus sapatos. Eu estava vivo. Eu considerei meu segundo presente de dia dos namorados da noite.

Claro, eu não aprendi minha lição. Ninguém na banda nunca pareceu aprender sua lição, não importava quantos avisos Deus dava. Duas noites depois, eu estava nisso de novo.

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