6 de dez. de 2010

(continuação 2) Capítulo 8 - Nikki

Rick Nielse, o guitarrista do Cheap Trick, queria nos apresentar ao Roger Taylor do Queen, que era um dos bateristas favoritos do Tommy. Roger nos levou a um restaurante russo que ele disse que o Queen e os Rolling Stones sempre iam. Ele levou Tommy, Rick, Robin Zander - o vocalista do Cheap Trick, e eu para uma sala privada com mãos esculpidas em carvalho pelo teto. Nós sentamos em volta de uma grande mesa velha de madeira e bebemos todos os tipos de vodkas conhecidas por um homem – doce, picante, de framboesa, alho – antes de atacarmos um banquete russo. Rick estava vestindo uma jaqueta preta de borracha, e por alguma razão eu ficava falando pra ele que eu queria mijar naquilo.

Nós estávamos começando a ficar bêbados e cheios, rindo sobre como aquela noite foi boa, quando um garçom entrou e disse, “A sobremesa vai ser servida.” Daí a equipe inteira de garçons entrou na sala. Tinha um garçom pra casa um de nós, e casa um estava cuidadosamente carregando uma travessa de prata coberta. Eles colocaram os pratos na nossa frente e um por um foi levantando as tampas. Em cada uma tinha sete carreiras. Mesmo eu estando com medo da noite anterior, eu cheirei todas elas e continuei bebendo. A próxima coisa que eu soube, nós estávamos de volta ao bar do nosso hotel e Roger Taylor estava falando com Rick Nielsen enquanto eu estava sentado no banco atrás deles. Eu me ajoelhei no bando, abaixei minha calça de couro, e fiz o que eu prometi a noite inteira: mijar na jaqueta do Rick. Ele não percebeu o que estava acontecendo até começar gotejar na sua calça até no chão. Eu pensei que isso era muito engraçado na hora, mas quando eu fui pro meu quarto depois disso, eu me senti muito mal: eu tinha mijado no meu herói.

Eu queria sair por aí e procurar heroína naquela noite, mas eu me forcei a ficar deitado na cama e esperar o sono vir. Eu não iria parar de usar heroína, mas talvez fosse hora de usar menos. Eu comecei a tentar controlar meu consumo: eu injetava um dia, e ficava limpo no outro. Às vezes eu ficava três dias sem injetar. Mas eu estava apenas me fazendo de idiota. Eu descobri que eu sentia falta da heroína antes da turnê acabar.

Antes de a gente entrar no avião pra ir da França pra casa, eu liguei pro meu fornecedor em L.A. e disse a ele pra me encontrar no aeroporto. Então eu liguei pra uma limusine pra pegá-lo pra ter certeza que ele estaria lá em tempo. Eu fiquei impaciente no meu banco a viagem inteira, pensando em injetar essa doce dose de heroína nas minhas veias depois de tanto tempo. Eu não me importava mais em meter. Vince podia pegar todas as garotas – apenas me deixe as drogas.

Eu fui o primeiro a sair do avião. “Tchau garotos, vejo vocês depois,” foi tudo o que eu disse pra banda que eu passei os últimos oito meses junto. Daí eu me mandei com o meu fornecedor, entrei na limusine, e já tinha uma agulha no meu braço antes da porta estar fechada. Nós encontramos a Nicole na Valley Vista Boulevard na Sherman Oaks, onde ela me mostrou a minha primeira casa de verdade, que ela tinha escolhido pra mim enquanto eu estava em turnê.

Eu sempre pensei que idade e sucesso tinha me permitido de superar a vergonha e baixa auto-estima que eu tinha desenvolvido na constante mudança de casas e escola quando criança, mas na realidade eu não tinha mudado nada. Eu tinha apenas afogado esses sentimentos na heroína e no álcool. Como um ser humano, eu nunca realmente tinha aprendido como agir ou me comportar. Eu continuava sendo a criança que não sabia jogar jogos normais com seus primos. Enquanto eu crescia, eu apenas me colocava em situações onde eu era o único a fazer o show. Eu não era interessado em sair com outras pessoas no ambiente delas, onde eu não tinha controle. Então uma vez que eu coloquei os pés na minha casa, eu dificilmente saia. Nicole e eu injetávamos entre quinhentos mil dólares por dia em droga. Nós chegávamos com sacolas de heroínas, pedras de cocaína, caixas de Cristal, e o tanto de pílulas que conseguíssemos.

Primeiramente, isso era uma grande festa. Izzy Stradlin ficava enrolando uma bola na frente da lareira, atrizes pornô passavam pela sala de estar, e Britt Ekland saia do banheiro cambaleando. Uma noite, duas garotas foram lá e disseram que elas estavam com um cara chamado Axl que era de uma banda chamada Guns n’ Roses, e ele queria entrar lá, mas ele era muito tímido para bater e pedir.

“Eu acho que já ouvi sobre ele,” eu disse pra elas. “Eu conheço o guitarrista dele ou algo assim.”

“Então ele pode entrar?” elas perguntaram.

“Não, mas vocês podem.” Eu disse pra elas. E elas entraram.

Enquanto eu usava mais e mais cocaína. A paranóia veio e logo eu dificilmente conseguia deixar as pessoas na casa. Nicole e eu ficávamos sentados pelados por aí dia e noite. Minhas veias estavam desmoronando e eu procurava pelo meu corpo pra achar novas: nas minhas pernas, nos meus pés, mãos, pescoço, e, quando as veias de todos os lugares estavam secas, meu pinto. Quando eu não estava injetando, eu fazia ronda da minha casa por causa de intrusos. Eu comecei a ver pessoas em árvores, ouvia policiais no telhado, imaginar helicópteros do lado de fora com equipes da S.W.A.T. vindo me pegar. Eu tinha uma .357 Magnu,. E eu constantemente caçava pessoas no closet, embaixo da cama, e dentro da máquina de lavar, porque eu tinha certeza que tinha alguém escondido na minha casa. Eu ligava pra companhia de segurança, West-Tech, freqüentemente que eles tinham uma anotação no escritório que avisava os patrulheiros para atender meus alarmes com precaução porque eu tinha apontado uma arma carregada várias vezes nos seus empregados.

Eu estive no palco tocando pra dez mil pessoas, agora eu estava sozinho. Eu tinha me afogado em uma condição sub-humana, passando semanas no meu closet com uma agulha, uma guitarra, e uma arma carregada. E ninguém da banda visitava, ninguém ligava, ninguém vinha me resgatar. Eu não podia culpá-los. Depois de tudo, Vince tinha ficado na cadeia por três semanas e nenhuma vez me ocorreu de ligar pra ele ou visitá-lo.

Um comentário:

  1. Oi!!! Meu, parabéns pelo teu blog! Estou curtindo muito a possibilidade de ler esse livro! Obrigada por traduzir!
    Depois, se quiser, visita meu blog... não sei se te interessa, é sobre o Cinderella!
    Flw

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