22 de nov. de 2010

Capítulo 7 - Vince

Capítulo 7

Vince

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Em que Vince solucionou a complexidade do cotidiano vivendo em púbicos alojamentos dentro de uma fórmula matemática: três contra um.

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Eu nunca pensei ser um alcoólatra até eu completar a reabilitação com sucesso. Daí eu me tornei um alcoólatra. Antes, eu só bebia pra me divertir. Mas depois do acidente, eu continuava tentando esquecer sobre o que tinha acontecido. Se eu fosse ter um papel no mundo como um ser humano normal, eu não poderia continuar me culpando por Razzle e Liza Hogan e Daniel Smithers.

Na terapia, de qualquer forma, eles não me deixavam esquecer nada: eles me faziam trabalhar através dos meus sentimentos sobre o acidente todos os dias até eu começar querer beber para poder esquecer tudo sobre eles de novo. Era um círculo vicioso. Mesmo que eu tivesse ficado sóbrio, eu sabia que só precisava de uma cerveja, um copo de vinho, ou uma garrafa de Jack até eu virar um completo alcoólatra, pior do que era.

Enquanto eu esperava pelo julgamento, eu voei pelo país e prevenia crianças contra beber e dirigir, e isso ajudava a evitar os demônios do alcoolismo que estavam confundindo meu cérebro. Mas para ficar sóbrio, você também precisa de pessoas ao seu redor pra te apoiar. E a não ser pelos nossos empresários, que me ofereceram uma jóia de ouro Rolex se eu conseguisse passar três meses sem beber, ninguém me apoiava.

No avião, os garotos viravam pra mim e perguntavam, enquanto eles bebiam Jack e coca, “Vince, você pode passar essa porção de coca pra cá?” elesRecebendo os albúns de platina do Theatre of Pain com Doug Thaler (esquerda) e Doc McGhee (direita).

fumavam baseado e jogavam a fumaça na minha cara. Eles agiram dessa forma a turnê inteira, e se eu tivesse um ataque e pegasse uma bebida, eles brigavam comigo e me falavam que eu estava prejudicando a banda. Enquanto eu estava na reabilitação, Tommy tinha dirigido sua moto bêbado com Joey Vera da Armored Saint na garupa. Ele se fodeu na auto-estrada e capotou a coisa seis vezes, esmagando a mão do Joey, daí ele não pôde mais tocar baixo. E ninguém disse uma palavra pro Tommy. Ele continuou bebendo como se não fosse problema de ninguém, ficando tão bêbado que nosso empresário, Rich Fisher, tinha que o arrastar pra fora da cama quando fosse hora de deixar o hotel, o jogar no bagageiro, o rolar pra baixo do ônibus, e daí achar uma cadeira de rodas no aeroporto pra levá-lo pro avião. Uma noite, Rich algemou Tommy na cama pra ele não beber, mas dentro de uma hora, Tommy tinha escapado e estava no andar de baixo, deitado sem consciência em uma pilha de vidro quebrado de uma divisória de um restaurante que ele tinha acabado de quebrar.

Isso era engraçado pros garotos, mas tudo o que eu fazia estava errado. Uma regra no avião era: Manter as mãos longe das aeromoças. Mas eu estava tão entediado por estar sóbrio que eu sempre acabava com uma aeromoça no banheiro ou no pequeno quarto do fundo ou no quarto de hotel depois que nós aterrissássemos. Daí a banda descobria e ela era demitida. Para me colocar no meu lugar, eles contrataram a esposa do piloto como uma aeromoça. Por fim, eles colocaram um segundo segurança chamado Ira na lista de pagamento e seu único trabalho era me expulsar e me levar pro meu quarto se eu bebesse ou causasse qualquer problema em público.

Enquanto isso, todo mundo estava tendo tempo pra suas vidas. Enquanto nós estávamos ensaiando para uma nova etapa da turnê, Tommy apareceu com algumas polaróides que ele estava pegando enquanto estava fodendo Heather Locklear. Eles tinham começado a namorar, e agora nós tínhamos o privilégio de ver a bunda da Heather Locklear de perto.

Mulheres se tornaram meu novo vício, também. Mas não mulheres como Heather Locklear. Ao invés de beber e usar drogas, eu transava com um monte de groupies. E tinha toneladas delas. Eu metia em quatro ou cinco garotas por noite. Eu fazia sexo antes de um show, depois de um show, e às vezes durante o show. Isso nunca parou, porque eu nunca deixei passar uma oportunidade e as oportunidades estavam sempre lá. Algumas vezes, quando eu realmente precisava de uma distração, eu alinhava meia dúzia de garotas peladas no chão do meu quarto no hotel ou encarando a parede, daí eu fazia um curso pelo obstáculo sexual. Mas a novidade acabava rapidamente. Mesmo quando eu estava casado com Beth e nós tivemos uma filha, nosso relacionamento não melhorava. Além disso, seu 240Z laranja, que eu amava tanto, tinha ido pelos ares. Então era só uma questão de tempo antes de acontecer isso com o nosso relacionamento, também.

Parecia que todos meus relacionamentos estavam explodindo na minha cara. Eu podia entender porque a banda estava tão irritada, mas o que eu tinha feito era passado e estava acabado. Como meus colegas de banda, eles deveriam ter me apoiado. Depois de tudo, nós tínhamos gravado um álbum fraco e o primeiro sucesso dele, um cover do Brownsville Station’s “Smokin’ in the Boys Room,” que eu tocava com a minha outra banda, Rock Candy, foi idéia minha. Mas toda noite, mesmo eu amando cantá-la ao vivo, Nikki reclamava que a música era estúpida e ele não queria tocá-la. Fora a “Home Sweet Home,” que a MTV transmitiu várias vezes eles tiveram que estabelecer uma data de expiração para novos vídeos ao invés de pararem o monte de pedidos, o resto do álbum era uma merda. Toda noite, quando eu andava por ai pelo palco com as minhas calças de couro Pink que amarravam dos lados, eu me sentia como o único sóbrio o suficiente para perceber o quanto era ruim algumas daquelas músicas. Eu estava chocado que o disco tinha ganhado dois platina, e talvez isso apenas reforçou a idéia que nós éramos tão bons que nós até podíamos lançar um álbum terrível.

Quando nós voamos de volta pra L.A. entre etapas da turnê, meu advogado arranjou um encontro no tribunal com o promotor público e outros familiares dos outros envolvidos no acidente. Ao invés de evitarem um julgamento, ele me aconselhou de confessar a minha culpa para veicular homicídio culposo e fazer um acordo. Ele explicou que as pessoas que estavam bebendo no princípio em minha casa era somente as do Mötley Crüe e do Hanoi Rocks, a festa poderia ser explicada como um encontro de negócios e nós estaríamos apiteis a pagar os danos para os familiares através do seguro da banda, porque não tinha como eu indenizá-los sozinho. Isso porque os familiares das vítimas concordaram que o que todo mundo achou uma sentença leve: trinta dias na cadeia, 2,5 milhões de indenização pra eles, duzentas horas de serviço pra comunidade, sendo que eu já estava indo discursar nas escolas e nas rádios. Além disso, meu advogado disse pro advogado jurisdicional que eu poderia fazer melhores discursos por aí do que ficar com a bunda na prisão, onde eu não poderia beneficiar alguém. O advogado jurisdicional concordou e adiou minha sentença pra depois da turnê.

A sentença foi um grande apoio, levantando uma nuvem negra que estava em cima da minha cabeça. Mas isso tinha vantagens e desvantagens, porque agora as pessoas me odiavam mais do que antes. As manchetes nos jornais me chamavam de assassino à tona, mas agora eles eram mais malvados: “Vince Neil Assassino bêbado Sentenciado para Rodar o Mundo com a Banda de Rock.”



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