4 de fev. de 2011

Capítulo 2 - Nikki

Capítulo 2

Nikki

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Lembranças de como um bom amor floresceu em um noivado, agradecendo sem medida para um uso de um trovador do antigo truque de dar drogas ao Nikki

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O dia depois que eu voltei pra casa do casamento do Tommy, tinha uma correspondência do nosso contador, Chuck Sapiro, esperando por mim na caixa de correio. “Você tem gastado cinco mil dólares por dia,” ele escreveu. “Cinco mil dólares vezes sete é trinta e cindo mil dólares por semana. Por mês, são cento e quarenta mil dólares. Em exatos onze meses, você estará completamente quebrado, se não tiver morto.”

Antes do casamento do Tommy, eu tinha combinado de manter meu hábito um segredo porque eu dificilmente via o pessoal da banda. A gangue agora tinha se dividido em diferentes casas em diferentes partes da cidade. Nós ainda estávamos fazendo a mesma coisa que nós fazíamos quando morávamos no apartamento juntos: acordar, se drogar, ir dormir e então começar tudo de novo. Mas a diferença era que nós não estávamos fazendo isso juntos. Tommy estava na Heatherlândia, morando em uma casa multimilionária em um bairro privado com seguranças. Ele estava muito animado que um dos seus vizinhos era um investidor que fazia quarenta e cinco milhões de dólares por ano e outro era um advogado que lidava com os principais casos de homicídio. Mas tudo o que eu conseguia pensar era, “Essas pessoas costumam ser nossas inimigas.”

Vince estava ou na cadeira ou saindo da sua casa com donos de boates de strip ou esportistas e homens de negócios sujos. E Mick, ele é muito secretório, ele poderia estar vendendo armas com o Irã ou fazendo pistas de descolagem por tudo que eu sei.

A força de uma banda está na solidariedade dos seus membros. Quando eles se dividem em mundos diferentes, é quando normalmente os problemas e brechas começam e levam a uma separação. O que era legal sobre nós inicialmente era que Vince e Tommy eram garotos de Covina, eu era de Idaho, e Mick de Indiana; nós éramos perdedores sem função que de alguma forma tornaram rock stars. Nós fizemos nossos sonhos tornarem realidade. Mas nós fomos pegos pelo sucesso de tal forma que esquecemos quem nós éramos. Vince estava tentando Hugh Hefner, Tommy pensava que ele era a Princesa Diana com seu casamento de classe alta e novos amigos, e eu pensava que eu era algum tipo de drogado glamoroso boêmio como William Burroughs ou Jim Carroll.

Eu acho que Mick sempre quis ser Robert Johnson ou Jimi Hendrix, apesar de que ele estava bebendo tanto que estava começando a parecer mais com o Meat Loaf.

A realidade caiu sobre mim no casamento do Tommy. Eu estava tentando chutar, sem sucesso, e eu estava fazendo um cu de mim mesmo porque eu não tinha habilidades sociais e não curtia dançar com milionários. Durante a recepção, eu disse para o nosso empresário, Rich Fisher, que eu estava usando um pouco de heroína, como se isso não fosse óbvio. E ele disse pra todo mundo no escritório da gerência. Quando eu não respondi a carta de aviso do Chuck, minha companhia de gerência e um conselheiro chamado Bob Timmons (que tinha ajudado o Vince a ficar sóbrio) apareceram na minha casa e começou uma intervenção. Primeiramente, eu estava chapado. Mas depois de falarem por horas, eles me deixaram pra baixo. Nicole e eu aceitamos a entrar na reabilitação. O lugar era de fato a mesma clinica na Van Nuys Boulevard que o Vince esteve.

Como Vince, eu não estava pronto pra reabilitação. Mas diferente de Vince, eu não tinha perigo da prisão me manter lá. Durante meu terceiro dia, uma gorda, verruguenta ficava tentando me convencer que para ficar limpo eu tinha que acreditar em um poder maior. “Foda-se você e foda-se Deus!” eu por fim gritei para ela. Eu sai do quarto, e ela me seguiu. Eu me virei, cuspi na cara dela, e a mandei se foder de novo. Dessa vez ela foi. Eu fui pro meu quarto, peguei minha guitarra, pulei a janela, e comecei a andar pra Van Nuys Boulevard com a minha roupa de hospital. Eu morava cinco milhas dali: eu achava que eu conseguiria.

O hospital ligou para Bob Timmons e disse pra ele que eu tinha escapado. Ele entrou no seu carro e me pegou na Van Nuys Boulevard.

“Nikki, entre no carro,” ele disse enquanto ele parou ao meu lado.

“Vai se foder!”

“Nikki, está tudo bem. Apenas entre no carro. Nós não estamos bravos com você.”

“Vai se foder! Eu não vou voltar para aquele lugar!”

“Eu não te levarei de volta. Eu prometo.”

“Sabe de uma coisa? Vai se foder! Eu nunca voltarei lá. Essas pessoas são insanas! Eles estão tentando fazer uma lavam cerebral em mim usando Deus e toda essa merda!”

“Nikki, eu estou do seu lado. Eu te levarei pra sua casa, e nós acharemos um jeito melhor de você ficar limpo.”

Eu cedi e aceitei a carona. Nós voltamos para minha casa e jogamos fora todas as agulhas, colheres, e resíduos de droga. Eu implorei para ele me ajudar a ficar limpo sozinho, sem Deus. Daí eu liguei para os meus avós por apoio, porque qualquer sanidade que eu tinha como adulto era graças a eles. Mas minha avó estava doente demais para receber a ligação. Nessa noite, eu escrevi “Dancing on Glass,” lembrando da minha overdose com a linha “Valentine’s in London/Found me in trash.”

Nicole ficou na reabilitação por mais duas semanas. Quando ela retornou para casa como uma paciente depois de tudo, algo estava diferente. Nós estávamos sóbrios. E estando sóbrios, nós descobrimos que nós não gostávamos um do outro tanto assim. Sem a heroína, nós não tínhamos nada em comum. Nós terminamos imediatamente.

Para ficar limpo, eu contratei um assistente chamado Jesse James, que era uma versão de seis pés e cinco polegadas do Keith Richards e que sempre usava um chapéu SS cobrindo o que eu acreditava ser uma peruca. Mas ao longo do tempo, seu trabalho se transformou de babá para companheiro de crime. Ele vinha e trazia drogas pra mim, e como uma recompensa, ele as usava comigo. Nós bebíamos e cheirávamos coca na maioria das vezes. Mas de vez em quando eu injetava um pouco de heroína, pelos velhos tempos.

Como a Nicole tinha ido embora, eu comecei a trocar de garotas como de meias. Jesse e eu ficávamos sentados e assistíamos TV o dia todo, eu tentava escrever algumas músicas para o próximo álbum, e quando isso falhava, nós ligávamos para qualquer garota de Hollywood que nós queríamos transar naquela noite. Mas quando nós tínhamos transado com todas as strippers e atrizes pornô que nós queríamos, nós rapidamente ficamos entediados. Nós andávamos pela vizinhança e jogávamos tijolos nas janelas, mas a diversão acabou rapidamente. Eu decidi que eu precisava de uma namorada. Então nós começamos a pegar as garotas da televisão que nós queríamos sair, imaginando todos os tipos de enredos de encontros engraçados. Tinha uma loira fofinha que era loucura local que nós assistíamos, e eu liguei para ela na estação durante um comercial e falei besteiras com ela. Daí eu a assisti quando ela voltou para o ar para ver se ela parecia agitada ou atrapalhada ou preocupada. Apesar dela nunca aparecer, por alguma razão ela sempre atendia nossas ligações.

Um dia, o vídeo para Vanuty 6’s “Nasty Girl” foi ao ar, em que as três garotas na banda se esfregavam sugestivamente como elas cantavam. Como a protegida de Prince, a líder da banda, Vanity, parecia ter vindo de um mundo muito diferente do meu. “Deve ser legal transar com ela,” eu disse pro Jesse.

“Vá atrás disso, cowboy,” ele disse pra mim.

Eu liguei para a nossa companhia de gerência e disse pra eles que eu queria conhecer Vanity.

Eles ligaram para os seus empresários, e dentro de uma semana eu estava no caminho para o apartamento dela em Beverly Hills para o nosso primeiro encontro. No segundo que ela abriu a porta, ela me fixou com uma louca encarada. Seus olhos pareciam que iam saltar do seu crânio, e eu soube antes dela falar uma palavra que ela estava completamente psicótica. Mas por outro lado, lá estava eu. Ela me convidou para entrar no seu apartamento, que era apenas alguns cômodos misturado com lixo e roupas e artesanatos. Sua casa era cheia de estranhos murais com recortes de revistas, caixas de ovos, e folhas mortas colados a eles. Ela chamada essas coisas de artesanato, e cada um tinha uma história.

“Esse aqui eu chamo de The Reedemer,” ela disse, apontando para uma colagem confusa. “Isso descreve a profecia de um anjo descendo na cidade, porque ele vai vir resgatar as almas presas nas lâmpadas dos postes de rua e os porquinhos irão andar pela rua e as crianças irão rir.”

Nessa noite, nós nunca deixamos o apartamento. Depois de todas as garotas que eu tinha corrompido, era a hora de alguma me corromper. O artesanato, ela finalmente admitiu, era algo que ela fez depois de passar dias freebasing cocaína.

Freebasing?” eu perguntei. “Eu nunca fiz isso do jeito certo antes.”

E então eu me senti dentro da teia de aranha. Preso no feebase, eu perdi o pouco que ficou de autocontrole que eu tinha vindo praticado desde a reabilitação e me tornei um completo paranóico sem função. Uma tarde, tinha algumas pessoas na minha sala, e Vanity e eu estávamos presos no quarto. Nós ligamos o som, que estava ligado a alto-falantes pela casa, e ouvimos música enquanto nós fazíamos um freebase. Enquanto nós estávamos fumando, a música parou e um programa de rádio começou. Eu peguei minha .357 Magnum e dei outra tragada. Enquanto eu guardava o freebase nos meus pulmões, eu gritei para o rádio, “Seus filhos da puta, eu irei atirar em vocês. Dêem o fora daqui.” Eu acho que eu de alguma forma pensei que as vozes que saiam do rádio eram das pessoas que estavam na minha sala, que estava do outro lado da porta. As vozes não pararam quando eu gritei para elas, claro, então enquanto eu expirava uma doce baforada de fumaça branca no ar, eu descarreguei minha .375 através da porta.

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