3 de jan. de 2011

Capítulo 10 - Tommy

Capítulo 10

Tommy

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Uma lembrança de tola curiosidade concluída com apreciação dos espíritos mutantes e humor dos nossos heróis enquanto eles continuavam sua nobre busca.

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Nikki, nosso segurança Fred Saundersm, e eu, ficamos por dois dias direto bebendo, cheirando, e comendo cogumelos. Nós estávamos em algum lugar do Texas. A janela estava aberta e o vendo estava fazendo uma sombra agitada pelo lugar. Daí, de repente, veio um som. Chugachugchugchug chugachugchugchug. Um trem estava passando, cara. E Nikki olhou pra mim. Eu olhei pro Nikki. E nós não precisamos falar nada: nós estávamos numa estranha drogada estação e nossas mentes estavam em total sincronização.

“Vamos embora,” nós dissemos um pro outro – não alto, mas telepaticamente.

Fred leu nossas mentes, e gritou, “Não, não, não!” Mas nós o deixamos na porra da poeira. Nós corremos pelo corredor e entramos no elevador, fazendo o nosso melhor pra deixar Fred em choque porque ele nunca deveria deixar isso acontecer. Nós corremos pelo saguão e enquanto isso, aparando o gramado da frente do hotel. Nós continuamos correndo, o mais rápido que podíamos, até nossos pulmões se sentirem como se eles fossem desmoronar. Fred estava duas centenas de jardas atrás de nós, gritando “Não, seus filhos da puta! Não!”

Mas nós continuamos correndo até nós vermos o trem, se movendo fazendo barulho pelos trilhos na frente de nós, rápido como uma puta. Eu o alcancei até eu estar correndo do lado dele.

“Vamos lá, Nikki! Vamos lá!” eu gritei. Ele ainda estava ofegando atrás de mim. Eu agarrei um pequeno apoio de metal perto da traseira de algum dos vagões e o trem puxou meus pés. Eu balancei minhas botas para um degrau na traseira do vagão, e eu estava livre.

Nikki estava quase alcançando. “Vamos lá, cara. Vamos lá.” Eu gritei. Ele mergulhou e pegou a ponta do degrau que eu estava. O trem estava o arrastando, com seu corpo torcido e seu pé batendo na sujeira. Eu agarrei seus braços e o puxei pra onde eu estava.

“Meu deus, cara! Isso é o melhor!” nós gritamos telepaticamente um pro outro. “Nós acabamos de saltar no nosso primeiro trem!”

E, então, nós vimos Fred e o hotel sumindo pela distância, a emoção tinha acabado. Nós não tínhamos idéia de onde nós estávamos, pra onde estávamos indo, e não tínhamos dinheiro. O trem estava pegando velocidade, se movendo cada vez mais rápido. Nós olhamos um pro outro, aterrorizados. Nós tínhamos que sair daquela coisa. Isso não parecia ter a mínima intenção de parar logo. Nós não podíamos fazer isso: nós tínhamos um show no outro dia.

“Ok. Um, dois, três,” nós pensamos um pro outro. E no três, nós dois saltamos, caindo nas pedras no chão, que deixou machucados, arranhões, e vergões em vários lugares no nosso corpo. Nós seguimos os trilhos de trem de volta pra casa, finalmente chegando ao hotel enquanto o sol nascia.

Antes da turnê do Theatre of Pain, nós nunca deveríamos ter deixado. Nós tínhamos que ter deixado o trem nos levar para o fim do mundo se pudesse. Nós nunca procurávamos pensar sobre alguma coisa antes de fazermos. Nós apenas pensamos sobre isso quando: (A) era tarde demais, ou (B) alguém se machucava.

Mas não era mais assim depois do acidente do Vince. Alguma coisa tinha mudado. Claro, nós continuamos nos divertindo, ficando loucos, fodidos, e socando nossos pintos em tudo. Mas não era a mesma coisa: Foder levava à casamento, casamento à divorcio, divorcio levava à pensão alimentícia, pensão alimentícia levava à pobreza. Tudo estava diferente depois do acidente: nós ficamos conscientes sobre nossa mortalidade – como seres humanos e como uma banda.

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