3 de out. de 2010

Capítulo 3 - Vince (continuação 3)

A polícia me mandou para casa quando o sol estava saindo, e Beth e Tommy estavam me esperando. Eles tentaram me consolar, mas eu não respondia. Eu estava confuso. Eu não sabia como fazer essa nova realidade cair no meu modo de vida parecer apenas doze horas antes. Eu continuei sendo a mesma pessoa, mas de algum jeito algo tinha mudado.

No outro dia, o telefone não parava de tocar: amigos, parentes, repórteres, inimigos estavam todos ligando e perguntando o que tinha acontecido. Então, mais rápido do que começou, o telefone parou de tocar. Depois de uma horripilante manhã silenciosa, meu empresário ligou: a polícia tinha decidido me prender por veicular homicídio culposo. Eu fui até a delegacia e me entreguei.

Os pais do casal que estavam no Volkswagen estavam na minha audição preliminar. Eles me olhavam como se eu fosse Satã. Lisa Hogan, a garota dirigindo o carro, estava em coma com dano cerebral, e seu passageiro, Daniel Smithers, estava no hospital com tração. Ele também tinha dano cerebral. Enquanto eu estive lá, eu sabia que eu iria pra cadeia pelo o que tinha acontecido, mesmo que aquilo tivesse sido tecnicamente um acidente. Se eu fosse apenas um garoto ordinário, sem fama ou dinheiro, eu provavelmente teria sido preso na hora. Mas ao invés disso eu fui solto com uma fiança de cento e vinte e cinco dólares até o julgamento, embora tivessem me dito que se o julgamento não desse certo, eu ficaria sete anos na prisão e seria o fim da minha carreira.

Quando eu fui pra casa depois da audição, nosso empresário, Doc McGhee, me disse que eu tinha que ficar na reabilitação. Eu disse a ele que eu não era um alcoólatra e não tinha como ser tratado como se eu tivesse algum problema. Eu não era um bêbado caído na sarjeta. Mas a corte me exigiu a começar o tratamento, e ele tinha achado um lugar que era mais parecido com um clube country. Ele disse que lá tinha quadra de tênis, curso de golf, e um pequeno lago com barcos. Ele me levou até lá no outro dia e eu fiquei o tempo todo calmo, imaginando que seria legal ter umas férias de todas as manchetes dos jornais me chamando de assassino. Isso era na Van Nuys Boulevard, e eu cheguei a um frio hospital com janelas com barras.

“Cadê o curso de golf?” eu perguntei pro Doc.

“Bom,” ele disse. “Eu tenho novidades boas e novidades ruins.”

Não tinha novidades boas: era apenas um pequeno hospital, onde eu tinha que desintoxicar e ir a uma intensa terapia durante trinta dias. Enquanto eu estava sentado no hospital – revivendo o acidente várias e várias vezes com terapeutas, lendo editoriais no jornal falando que eu deveria ter uma vida na prisão para desencorajar ter dirigido bêbado, e chorava demais o tempo todo que eu lembrava de Razzle e seus high-tops e seu tranqüilo sotaque britânico – eu pensava que isso era pra mim.

Eu recebi talvez uma ligação do Tommy ou Nikki quando eu primeiramente me inscrevi, mas foi isso. Ninguém na banda ligou ou visitou depois disso. Eles ou não estavam sendo solidários ou estavam falando pra eles manter tal distância. Eu estava sozinho, e eles provavelmente se mudaram sem mim. Eu imaginei Nikki testando novos vocalistas e me deixando com sete anos de prisão e uma vida de desdém andando nas ruas como um assassino, o alvo de piadas em programas de entrevistas para ser revisado até o dia que eu afundasse no inferno.

2 comentários:

  1. Muito foda seu blog!
    falta muito pra acabar?
    Bjo

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  2. Não postou tudo mas pelo menos postou obrigado moça eu te amo por isso

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